segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Reflexões do companheiro Fidel:HAITI: NOTÍCIAS DA CÓLERA NO HAITI

Há muitas coisas das quais falar quando os Estados Unidos ficam envolvidos em um escândalo colossal como conseqüência dos documentos publicados por Wikileaks, cuja autenticidade ?independentemente de qualquer outra motivação desse sítio Web? ninguém colocou em dúvida.

Contudo, nosso país neste instante está comprometido em uma batalha contra a cólera no Haiti, que por sua vez se torna em uma ameaça para os outros povos da América Latina e para outros do Terceiro Mundo.

No meio das conseqüências de um terremoto que matou ou feriu mais de meio milhão de pessoas e causou uma enorme destruição, desatou-se a epidemia que, quase de imediato, ficou agravada pelo açoite de um furacão.

O número de pessoas afetadas pela doença se elevava ontem, 29 de novembro, a 75 mil 888, das quais a Brigada Médica Cubana atendeu 27 mil 015, com 254 falecidos para 0,94%. O resto das instalações hospitalares públicas, ONGs e privadas, atenderam 48 mil 875, das quais morreram 1 467 para 3,0015%.

Hoje, 30 de novembro, a Missão Médica Cubana, que aliás conta com 201 formados da Escola Latino-americana de Medicina, atendeu 521 pacientes de cólera para totalizar 27 536.

No domingo passado, 28 de novembro, chegaram ao Centro de Tratamento da Cólera do hospital de referência comunitário situado na comuna L’Estere do Departamento Artibonite, 18 pessoas em estado muito crítico, procedentes de uma sub-comuna chamada Plateau, as que foram atendidas imediatamente pelos 11 médicos e 12 enfermeiras da Brigada Médica Cubana que ali trabalha. Afortunadamente, conseguiu-se preservar a vida de todos.

Na segunda-feira 29 chegaram desde a mesma sub-comuna mais 11 casos, entre eles, uma criança de cinco anos cujos pais tinham falecido por cólera. Mais uma vez se conseguiu preservar a vida dos mesmos.

Perante tal situação, o Dr. Somarriba, chefe da Missão Médica, decidiu o envio de um veículo todo-terreno com 5 médicos, 2 enfermeiras, um enfermeiro e um reabilitador para a sub-comuna, com os recursos necessários para atender os casos com urgência.

Dos cinco médicos, quatro são formados da ELAM: uma uruguaia, um paraguaio, um nicaragüense, um haitiano e o chefe da brigada cubana do departamento de Artibonite.

Percorreram seis quilômetros pela estrada, caminharam mais seis por terrapleno, e finalmente outros dois quilômetros por terreno abrupto com todo o equipamento e os recursos em cima para chegar até a sub-comuna.

Plateau está situada entre cinco montanhas com casas humildes agrupadas em três pontos; calcula-se que o número de habitantes se aproxima de cinco mil. Não há ruas, nem eletricidade, nem comércios segundo informaram, e apenas uma igreja protestante.

A população, de pobreza extrema, dedica-se fundamentalmente ao cultivo de amendoim, milho, feijão e abóbora.

Quando chegaram a Plateau, o pastor da igreja ofereceu-se para organizar dentro da mesma o Centro de Tratamento, com seis catres e quatro bancos dos fiéis, que permite que 10 pessoas sejam internadas de urgência.

Hoje ingressaram oito, três em estado crítico.

Os vizinhos comunicam que já faleceram por volta de 20. Esses dados não aparecem na cifra oficial de falecidos. Durante a noite trabalharão com as lanternas que eles levaram.

A Missão decidiu criar um Centro de Atendimento da Cólera nessa intricada comunidade, que terá 24 leitos. Amanhã serão enviados todos os recursos, incluído o gerador elétrico.

Informa igualmente que os cameramen foram até a comuna ao conhecerem da notícia.

Hoje não houve falecidos e foi aberto outro estabelecimento no norte, para um total de 38 centros e unidades de tratamento da cólera.

Relato o caso para explicar as circunstâncias e os métodos com os que ali se leva a cabo a luta contra a epidemia, que com dezenas de falecidos diariamente vai se aproximando das 2 000 vítimas mortais.

Com os métodos de trabalho que estão sendo aplicados e o esforço programado, será mais difícil que o número de falecidos continue ao ritmo que tinha.

Conhecendo as paixões com que os processos eleitorais tradicionais se desenvolvem, para além do abstencionismo típico que caracteriza muitos deles, preocupava-nos o que poderia acontecer no Haiti no meio da destruição e da epidemia. Um princípio básico e jamais violado é o respeito às leis, aos partidos e às crenças religiosas dos países onde prestam seus serviços nossos médicos ou a Brigada “Henry Reeve”.

Todavia, inquietaram-nos as versões amplamente divulgadas pelos meios internacionais de imprensa que mostraram um quadro de violência generalizada no país, que estava longe de ser realidade. Os observadores internacionais estavam surpreendidos por aquelas notícias que se divulgavam no exterior, quando na verdade os fatos que deram lugar aos mesmos foram isolados, afetando apenas em uma reduzida percentagem os eleitores que exerceram seu voto.

Os próprios líderes que fizeram um apelo ao povo para sair às ruas compreenderam que não era correto, no meio da trágica situação do país, a realização de ações que podiam incentivar enfrentamentos violentos que impossibilitariam controlar e derrotar a epidemia. Se tal objetivo não se consegue, esta poderia se converter em endêmica e dar lugar a um desastre sanitário no Haiti e a uma ameaça permanente para o Caribe, bem como para a América Latina, onde milhões de pessoas pobres em número crescente se acumulam nas grandes cidades; também para outras muitas nações pobres da Ásia e da África.

Não se deve esquecer nunca que, além disso, o Haiti tem que ser reconstruído desde seus alicerces, com a ajuda e a cooperação de todos. É o que esperamos para seu nobre e abnegado povo.

Fidel Castro Ruz

30 de novembro de 2010

21h34

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MENSAGEM DE FIDEL AOS ESTUDANTES

MENSAGEM DE FIDEL AOS ESTUDANTES

17 de Novembro de 2010

Caros estudantes universitários e demais convidados:

Apraz-me imenso a presença nesta reunião do Ministro do ensino superior, dos Reitores das universidades de Havana, de uma representação da União de Jovens Comunistas, presidida por sua Primeira-Secretária, da Direção Provincial e Nacional da Federação de Estudantes do Ensino Médio.

Lembro-me daquele 17 de novembro de 2005. Comemorava-se o Dia Internacional do Estudante. Vocês os universitários decidiram que eu falasse nesse dia. Completavam-se, disseram-me, 60 anos de meu ingresso na Universidade, finalizando o ano 1945. Nessa altura era um bocado mais jovem do que hoje; tinha a idade de vocês. Mas juntos temos vivido uma etapa da vida.

Na minha opinião, aquela reunião que tivemos na Universidade de Havana, há cinco anos, jamais se repetiria. Já tinha 79 anos. Porém há apenas dois meses, para ser mais exato, quando apresentei na Aula Magna o segundo livro de nossa guerra revolucionária: “A contra-ofensiva estratégica”, em 10 de setembro de 2010, ao finalizar, conversei com muitos veteranos daquelas lutas e quando saia do recinto cumprimentei um entusiasta grupo de dirigentes estudantis universitários que ficaram à minha espera, conversei com eles, explicaram-me sua ansiosa espera do dia 17 para que lhes falara do discurso.

Gostei daquele grupo. Não promoviam uma “revolução cultural”, queriam escutar novamente uma reflexão sobre as idéias expostas naquele dia.

Esse encontro já lhes pertencia. Era da opinião que transcorreria muito tempo entre o dia 10 de setembro e o 17 de novembro; outras coisas passavam por minha mente e lhes respondi: “ver-nos-emos nesse dia”.

Contudo sabia que aquele discurso provocou mal-estar, devido ao momento que estávamos a viver perante um poderoso inimigo que nos ameaçava cada vez mais, bloqueava cruelmente nossa economia e esforçava-se por espalhar o descontento, promovendo a violação das leis e as saídas ilegais do país, privando-o de uma reserva de força de trabalho jovem, cultural e tecnicamente bem preparada. Muitos deles eram levados mais tarde à realizar atividades ilícitas e a delinqüir.

Também estava o fato de minha tendência à autocrítica e à ironia com relação a nossas próprias ações. Apesar de ser cáustico em minhas palavras, defendi princípios e não fiz concessões.

Lembrava tudo isso, mas não as palavras exatas que usei, a totalidade dos argumentos expressados, e a considerável extensão do discurso.

Solicitei aos arquivos do Conselho de Estado uma cópia textual do mesmo, e deparei com 115 páginas em espaço simples que implica mais de 200 como estas que apenas excedem as 40.

Durante as últimas semanas o trabalho tem sido intenso, dedicado a muitas tarefas; entre elas, reuniões de entrevistas com o diretor principal da web site Global Research, Michel Chossudovsky; a esmagadora vitória eleitoral da extrema-direita dos Estados Unidos e, dentro dela, a do grupo fascista do Tea Party, a crise econômica sem precedentes; guerra de divisas, acompanhada de perto pela Cúpula do G-20 em Seúl; a Cúpula da APEC em Yokohama, Japão e daqui a dois dias, a Cúpula da NATO em Portugal nos dias 19 e 20 de novembro, que devemos acompanhar de perto.

Apesar disso, não me resignava a prorrogar ou suspender a data de nosso encontro.

Apoiado no texto original, fui pinçando as idéias principais do discurso que proferi naquela ocasião, para apresentá-las com as mesmas palavras que utilizei nesse momento. Omiti, visando ser breve, numerosos exemplos que complementavam os critérios que sustentava.

Confesso que fiquei surpreendido com a atualidade das idéias expostas que, transcorridos cinco anos, são mais atuais do que naquele momento, visto que muitas tinham relação com o futuro, e os fatos se desenvolveram tal como foram previstos; acontece que hoje, com os conhecimentos disponíveis sobre fenômenos como a mudança climática, a crise econômica que ultrapassa qualquer outra anterior, os perigos de guerra e a derivação do poder imperial para o fascismo, exigem dos jovens universitários um máximo de consagração e esforço na batalha ideológica.

Uma das primeiras idéias que expressei foi a seguinte:

“Os fatores que fizeram possível a vida no planeta Terra surgiram após bilhões de anos, essa vida frágil que pode transcorrer entre uns poucos graus por baixo de zero e uns poucos graus por cima de zero...”

Eu tentava recordar como eram aquelas universidades, a que nos dedicávamos, que nos preocupava. Nos preocupávamos com esta pequena ilha. [...] Ainda não se falava de globalização, não existia a televisão, não existia a Internet, não existiam as comunicações instantâneas de um extremo ao outro do planeta [...] Nos meus tempos, 1945, nossos aviões de passageiros apenas chegavam a Miami...”

“... acabava de acontecer uma terrível guerra, que custou por volta de 50 milhões de vidas, e falo do momento aquele, 1945, quando ingressei na universidade, em 4 de setembro; bom, ingressei nessa época, e vocês, logicamente, decidiram celebrar aquele aniversário num dia qualquer.“


Mais para frente perguntei: Que mundo é esse onde um império bárbaro proclama o direito de atacar por surpresa e de maneira preventiva 60 ou mais países, que é capaz de levar a morte a qualquer canto do mundo, utilizando as mais sofisticadas armas e técnicas de morte?

“Atualmente o império ameaça com atacar o Irã se produz combustível nuclear.”

“Atualmente se debate a nível internacional quais o dia e a hora, ou se será o império, ou utilizará — como fez no Iraque — o satélite israelense para o bombardeio preventivo e imprevisto de centros de pesquisa cujo objetivo é obter a tecnologia de produção do combustível nuclear.”

“... aquela nação exige seu direito a produzir combustível nuclear como qualquer outra nação entre as industrializadas e não ser obrigada a destruir a reserva de uma matéria prima, que serve não só como fonte energética, mas também como fonte de numerosos produtos, fonte de fertilizantes, fonte de têxteis, fonte de inúmeros materiais que hoje têm um uso universal.”

“... veremos que aconteceria se bombardeassem o Irã com o objetivo de destruir qualquer instalação que se dedique à produção de combustível nuclear.”

“Nós jamais pensamos na fabricação de armas nucleares. Nós temos outro tipo de armas nucleares, são nossas idéias [...] armas do poder das nucleares em virtude do poder invencível das armas morais, [...] e também não procurar armas biológicas [...] Armas para combater a morte, para combater a Aids, para combater as doenças, para combater o câncer, a isso dedicamos nossos recursos...”

“... em qualquer parte do mundo encontra-se um cárcere secreto onde torturam os defensores dos direitos humanos; são os mesmos que em Genebra, como cordeirinhos, votam, um a um, contra Cuba, o país que não conhece a tortura, para honra e glória desta geração, para honra e glória desta Revolução, para honra e glória de uma luta pela justiça, pela independência, pelo decoro humano que deve manter incólume sua pureza e sua dignidade!”

hoje de manhã chegavam notícias informando sobre o uso de fósforo vivo em Al-Fallüjah, ali onde o império descobriu que um povo, praticamente desarmado, não podia ser vencido e os invasores viram-se numa situação onde não podiam ir embora nem ficar: se iam embora, voltavam os combatentes; se ficavam, necessitavam essas tropas noutros lugares. Já morreram mais de 2 000 jovens soldados norte-americanos, e alguns se perguntam, até quando continuaram morrendo numa guerra injusta?...

“... converteram a entrada ao exército numa fonte de emprego, contratam desempregados, e muitas vezes tentam contratar o maior número de negros norte-americanos para suas guerras injustas, e chegam notícias de que cada vez menos negros norte-americanos estão dispostos a se inscreverem no exército, apesar do desemprego e da marginalização a que são submetidos...”

“Procuram latinos, imigrantes que, tentando escapar da fome, atravessaram a fronteira, essa fronteira onde todos os anos morrem mais de 500 imigrantes, muitos mais em 12 meses que os que morreram durante os 28 anos que durou o muro de Berlim.”

“... entravam os jovens nesta universidade, que não era, certamente, a universidade dos humildes; era a universidade da classe média, a universidade dos ricos do país, mas os jovens não se importavam com as idéias de sua classe e muitos deles eram capazes de lutar, e assim o fizeram ao longo da história de Cuba.

“Oito estudantes foram fuzilados em 1871 e foram o alicerce dos mais nobres sentimentos e do espírito de rebeldia de nosso povo...”

“Mella foi um deles, também pertencente à classe média; porque os das classes mais pobres, os filhos dos camponeses, não sabiam ler nem escrever...”

“... mencionei Mella, poderia mencionar Guiteras, poderia mencionar Trejo, que morreu [...] um 30 de setembro, na luta contra Machado;

“... quando a tirania batistiana voltou com todo seu rigor, muitos estudantes lutaram e muitos estudantes morreram, e aquele jovem de Cárdenas, Manzanita, como lhe chamavam, sempre rindo, sempre amável, sempre carinhoso com os demais, se destacava pela sua valentia, sua integridade [...]quando enfrentava a polícia.”

Se você visita a casa onde viveu Echeverría — José Antonio, vamos chamá-lo assim —, percebe que é uma casa boa, uma excelente casa. Vejam só como os estudantes não se importavam com sua origem social, nessa idade de tanta esperança, de tantos sonhos.

Naquela universidade, para estudar medicina havia apenas uma faculdade e um só hospital docente, e muitos ganhavam prêmios, primeiro prêmio em medicina e alguns, inclusive, de cirurgia sem terem operado nunca a ninguém.

“Alguns o conseguiam [...] Assim surgiram bons médicos, não uma massa de bons médicos — sim havia uma massa [...] que não tinham emprego, e quando triunfou a Revolução, foram precisamente para os Estados Unidos, e ficou a metade 3 000 e 25% dos professores. E daí partimos para o país de hoje, que se ergue já quase como capital da medicina mundial.

“... o país [...] já tem mais de 70 000 médicos.”
“Nós ingressamos na universidade finalizando o ano 1945, e iniciamos nossa luta armada no quartel Moncada em 26 de julho de 1953, [...] quase oito anos depois, e a Revolução triunfa cinco anos, cinco dias e cinco meses após o Moncada, e depois de um longo percurso pelos cárceres, pelo exílio, e pela luta nas montanhas. ”
“... não conhecíamos nem sequer muito bem as leis de gravidade, íamos encosta acima lutando contra o império, já que era o mais poderoso, [...] quando ainda existia outra superpotência, [...] foi marchando encosta acima que ganhamos experiência, que nosso povo e nossa Revolução se fortaleceram até chegar aqui.”

“... o ser humano é o único capaz, [...] de passar por cima de todos os instintos, [...] a natureza lhe impõe os instintos, a educação impõe as virtudes...”

“...apesar da diferença entre os seres humanos, possam ser um numa dada altura ou [...] ser milhões através das idéias.”

São as idéias as que nos unem, são as idéias as que nos fazem um povo combatente, são as idéias as que nos fazem já não só individualmente, mas sim coletivamente revolucionários, e é então [...] quando um povo jamais pode ser vencido...”

“... aqui a 90 milhas do colossal império, o mais poderoso que existiu jamais ao longo da história, e passaram 46 anos e lá está mais distante que nunca conseguir fazer ajoelhar a nação cubana, aquela que ofenderam e humilharam durante algum tempo...”


“Acho que foi (Ignácio) Agramonte, outros dizem que (Carlos Manuel de) Céspedes, quem, respondendo aos pessimistas quando ficou com 12 homens, exclamou: [...] com 12 homens se faz um povo [...] isso que se chama uma consciência revolucionária, que é a soma de muitas consciências [...] É filha do amor à Pátria e de amor ao mundo, não esquece aquilo de que Pátria é humanidade, proferido há mais de 100 anos.”

“Não esquecer jamais aqueles que durante anos foram nossa classe operária e trabalhadora, que viveram as décadas de sacrifício, os bandos mercenários nas montanhas, as invasões como a da Baía dos Porcos, os milhares de atos de sabotagens que custaram vidas de nossos trabalhadores açucareiros, da cana-de-açúcar, industriais, do comércio ou na marinha mercante, ou na pesca, os que de repente eram atacados com canhões e bazucas, só porque éramos cubanos, só porque queríamos a independência, só porque queríamos melhorar a sorte de nosso povo...”

“Cuba fala quando tenha que falar e Cuba tem muitas coisas que dizer, mas não está com pressa nem impaciente. Sabe muito bem quando, onde e como pode desferir um golpe ao império, a seu sistema e a seus lacaios.”
“... acho que esta humanidade e as grandes coisas que é capaz de criar, devem ser preservadas enquanto possam ser preservadas.”

“... este admirável e maravilhoso povo, ontem semente e hoje árvore crescida e com raízes profundas; ontem cheio de nobreza em potência e hoje cheio de nobreza real; ontem cheio de conhecimentos em seus sonhos e hoje cheio de conhecimentos reais, quando apenas está começando nesta gigantesca universidade que é hoje Cuba.”

“... vão surgindo novos quadros e quadros jovens.”

“Como vocês sabem, estamos em meio de uma batalha contra os vícios, contra os desvios de recursos, contra o roubo...”

“... não pensem que o roubo de recursos e de materiais é de hoje, ou do 'período especial', o 'período especial' agravou isso, porque o 'período especial' criou muitas desigualdades e o 'período especial' tornou possível que muitas pessoas tivessem muito dinheiro.”

“Do tempo que estou falando, para produzir uma tonelada de betão, se consumiam 800 quilos de cimento e uma tonelada de um bom betão [...] deve ser de mais ou menos 200 quilos. Vejam como se esbanjava, vejam como se desviavam recursos, como se roubava.”

“Nesta batalha contra os vícios não haverá trégua [...] e nós apelaremos à honra de cada setor. Estamos certos de uma coisa: de que em cada pessoa há uma alta dose de vergonha. Quando ela fica pensando não é um juiz severo, apesar de que, segundo minha opinião, o primeiro dever de um revolucionário é ser sumamente severo consigo próprio.”

“Crítica e autocrítica, é muito correto, isso não existia; mas não, se vamos travar a batalha devemos usar projéteis de maior calibre, é preciso utilizar a crítica e a autocrítica na sala da aula, na organização de base do Partido, e depois fora dela, depois no município e depois no país.”

“Posteriormente poderão surgir outras perguntas: Quanto ganhamos? Caso surgir a pergunta de quanto ganhamos, começaria a compreender-se o sonho de cada quem viva de seu salário ou de sua justíssima aposentadoria.”

“... temos ganhado consciência e que a vida toda é um aprendizado, até o último segundo, e começas a ver muitas coisas num momento...”

“Uma conclusão que tirei após muitos anos: entre muitos erros que todos temos cometido, o erro mais importante foi acreditar que alguém sabia de socialismo, ou que alguém sabia como se constrói o socialismo. Parecia ciência sabida, tão sabida como o sistema elétrico concebido por alguns que se consideravam peritos em sistemas elétricos. [...] seriamos estúpidos se acreditarmos, por exemplo, que a economia –e que me perdoem as dezenas de milhares de economistas que há no país- é uma ciência exata e eterna, e que existiu desde a época de Adão e Eva.

“Perde-se todo o senso dialético quando alguém acredita que essa mesma economia de hoje é igual a aquela de 50 anos atrás, ou 100 anos, ou há 150 anos, ou é igual à época de Lênin ou à época de Carlos Marx. A mil léguas de meu pensamento o revisionismo, faço um verdadeiro culto a Marx, a Engels e a Lênin.”

Quando estudante soube teoricamente o que era comunismo utópico, descobri que eu era um comunista utópico, porque todas minhas idéias partiam de: “Isto não é bom, isto é mau, isto é um erro. Como vão surgir as crises de superprodução e a fome quando há precisamente, mais capacidade de criar riquezas. Não seria mais simples produzi-las e reparti-las ?

Naquela altura parecia, como também achava Carlos Marx na época do Programa de Gotha, que o limite à abundancia radicava no sistema social; parecia que na medida em que se desenvolviam as forças produtivas podiam produzir, quase sem limites, o que o ser humano precisava para satisfazer suas necessidades essenciais de tipo material, cultural, etc.

“Quando escreveu livros políticos, como O 18 Brumário, As lutas Civis na França, era um gênio escrevendo, tinha uma interpretação claríssima. Seu Manifesto Comunista é uma obra clássica. Você pode analisá-la, pode ficar mais o menos satisfeito com umas coisas ou com outras. Eu passei do comunismo utópico para um comunismo baseado em teorias serias do desenvolvimento social...”

“Neste mundo real, que deve ser mudado, todo estratega e táctico revolucionário, tem o dever de conceber uma estratégia e uma estratégia que guiem ao objetivo fundamental de cambiar este mundo real. Nenhuma tática ou estratégia que divida seria boa.

“Tive o privilégio de conhecer aos da Teologia da Libertação uma vez no Chile, quando visitei a Allende no ano 1971, e lá encontrei muitos padres ou representantes de diversas denominações religiosas, e colocavam a idéia de juntar forças e lutar, sem levar em conta suas crenças religiosas.

“O mundo está precisando desesperadamente de uma unidade, Sé não conseguirmos conciliar o mínimo dessa unidade, não chegaremos a lugar nenhum.

“Lênine, sobre tudo estudou as questões do Estado; Marx não falava da aliança operário-camponesa, morava num país com grande auge industrial; Lênine viu o mundo subdesenvolvido, viu aquele país onde 80% ou 90% era camponês, e embora tivesse uma força operária poderosa nas ferrovias e nalgumas industrias, Lênine viu com absoluta clareza a necessidade da aliança operária-camponesa, da qual ninguém tinha falado, todos tinham filosofado, mas não tinham falado ao respeito. E num enorme país semi-feudal, semi-subdesenvolvido, é onde se produz a primeira revolução socialista, a primeira tentativa verdadeira de uma sociedade igualitária e justa; nenhuma das precedentes que foram escravistas, feudais, medievais, ou anti-feudais, burguesas, capitalistas, embora falassem muito em liberdade, igualdade e fraternidade, nenhum se propôs jamais uma sociedade justa.

“Ao longo da história, o primeiro esforço humano sério tentando criar a primeira sociedade justa, começou há menos de 200 anos...”

“Com dogmatismo jamais se tivesse chegado a uma estratégia. Lênine nos ensinou muito, porque Marx nos ensinou a compreender a sociedade; Lênine nos ensinou a compreender o Estado e o papel do Estado.”

“... quando a URSS se derrubou e ficou sozinha, muita gente, entre elas nós, os revolucionários cubanos. Mas nós sabíamos o que devíamos fazer, e o que tínhamos de fazer, quais eram nossas opções. Também estava o resto dos movimentos revolucionários em muitas partes travando sua luta. Não direi quais, não vou dizer quem; mas se tratava de movimentos revolucionários muito sérios, nos perguntaram se negociavam ou não perante aquela situação desesperada, se continuavam lutando ou não, ou se negociavam com as forças contrárias procurando uma paz, quando nós sabíamos a que conduzia aquela paz.”

“... Eu lhes dizia: “Vocês não nos podem pedir nossa opinião, são vocês os que iriam a lutar, são vocês os que morreriam, não somos nós. Nós sabemos o que faremos, e o que estamos dispostos a fazer; mas isso só pode ser decidido por vocês.”. Ai estava a mais extrema manifestação de respeito ao resto dos movimentos e não a tentativa de impor baseados nos nossos conhecimentos e experiências e o enorme respeito que sentiam por nossa Revolução para saber o peso de nossos pontos de vista.”

“Acho que a experiência do primeiro Estado Socialista, Estado que deveu compor-se e jamais destruir-se, tem sido muito amarga. Não pensem que não temos pensado é muitas ocasiões nesse fenômeno incrível mediante o qual uma das mais poderosas potências do mundo, que conseguiu equiparar sua força com a outra superpotência, um país que pagou com a vida de mais de 20 milhões de cidadãos a luta contra o fascismo, um país que esmagou ao fascismo, desabou como se desabou.

“Será que as Revoluções estão chamadas a se derrubarem, ou será que os homem podem fazer com que as revoluções se derrubem?. Os homens podem ou não impedir, a sociedade pode ou não pode impedir que as revoluções se derrubem?. Até poderia acrescentar-lhes uma pergunta imediatamente. Acham que este processo revolucionário, socialista, pode ou não derrubar-se? (Exclamações de: “Não!”) Pensaram nisso alguma vez? Pensaram-no com profundeza?

“Sabiam de todas estas desigualdades que estou falando? Conheciam certos hábitos generalizados? Sabiam que alguns ganhavam no mês quarenta ou cinqüenta vezes o que ganha um desses médicos que está lá nas montanhas da Guatemala, membro do contingente “Henry Reeve”? Pode estar noutros lugares distantes da África. Pode até estar a milhares de metros de altura, nas cordilheiras do Himalaia salvando vidas e ganha 5%, 10% do que ganha um ladrão destes que vende gasolina aos novos ricos, que desvia recursos dos portos em caminhões e por toneladas, que rouba nas lojas de divisa, que rouba num hotel cinco estrelas, talvez trocando a garrafa de rum por outra que procurou, a põe no lugar da outra e arrecada todas as divisas com as que vendeu os goles que podem sair da garrafa de um tipo de rum mais ou menos bom.”

“Também se pode explicar por que hoje já não talhamos mais a cana, não há quem a corte e as pesadas máquinas destroem os canaviais. Os abusos do mundo desenvolvido e os subsídios levaram os preços do açúcar que foram, naquele mercado mundial, o preço do lixeiro de açúcar, enquanto que em Europa pagavam duas ou três vezes mais a seus agricultores.”

“Eles estão aguardando um fenômeno natural e absolutamente lógico, que é o falecimento de alguém. Neste caso me honraram consideravelmente ao pensar em mim. Será uma confissão do que não conseguiram fazer desde há muito tempo. Se eu fosse um vaidoso, poderia ficar orgulhoso de que aqueles caras digam que têm que aguardar até que eu morra, e esse é o momento. Aguardar que morra, todos os dias inventam alguma coisa, que sim Castro tem isto que se tem o outro, se tal o mais qual enfermidade. ”

“Sim, eu tive uma queda muito grande, ainda estou reabilitando-me deste braço (assinala), e vai melhorando. Agradeço muitíssimo as circunstancias em que se quebrou meu braço, porque me obrigou a ter ainda mais disciplina, mais trabalho, a dedicar mais tempo, a dedicar quase as 24 horas do dia a meu trabalho, se já eu estava dedicando-as durante o período especial, agora dedico cada segundo e luto mais do que nunca...”

”Esse caso é como aquele do cara (fazia referência à revista Forbes)que descobriu que eu era o homem mais rico do mundo.”

“Eu fiz uma pergunta para vocês, companheiros estudantes, que não esqueci, nem sequer, e pretendo que vocês não a esqueçam nunca, e é a pergunta que faço diante das experiências históricas conhecidas e peço-lhes a todos, sem exceção, que reflitam: Pode ser ou não irreversível um processo revolucionário? Quais seriam as idéias ou o grau de consciência que tornariam impossível a reversão de um processo revolucionário?”

“O poder que tem uma liderança quando goza da confiança do povo, quando confiam na sua capacidade. São terríveis as conseqüências de um erro daqueles que têm maior autoridade, e isso aconteceu em mais de uma ocasião nos processos revolucionários.

“São coisas que a gente medita. Estuda a história, o quê aconteceu aqui, o quê aconteceu lá, o quê aconteceu lá, medita sobre o que aconteceu hoje e sobre o quê acontecerá amanhã, para onde conduzem os processos de cada país, para onde vai o nosso, como marchará o nosso, que papel desempenhará Cuba nesse processo.”

“Foi por essa razão que eu disse aquela palavra de que um dos nossos maiores erros no começo, e muitas vezes ao longo da Revolução, foi acreditar que alguém sabia como se construía o socialismo.”

“Qual sociedade seria esta, ou que digna de alegria quando nos reunimos em um lugar como este, um dia como este, se não soubéssemos o mínimo do que se deve saber para que nesta ilha histórica, este povo heróico, este povo que escreveu páginas não escritas por nenhum outro povo na história da humanidade preserve a Revolução? Vocês não pensem que quem lhes fala é um vaidoso, um charlatão, alguém que gosta do bluff. Transcorreram 46 anos e a história deste país é conhecida, os habitantes deste país a conhecem; a daquele império vizinho também, o seu tamanho, seu poder, sua força, sua riqueza, sua tecnologia, seu domínio sobre o Banco Mundial, seu domínio sobre o Fundo Monetário, seu domínio sobre as finanças mundiais, esse país que tem-nos imposto o mais brutal e incrível bloqueio, sobre o qual se falou lá nas Nações Unidas e Cuba recebeu o apóio de 182 países que passaram e votaram livremente ultrapassando os riscos de votar abertamente contra esse império. [...] Não apenas fizemos esta Revolução com o nosso próprio risco durante muitos anos, em determinado momento, tínhamos a certeza de que jamais se fossemos atacados direitamente pelos Estados Unidos lutariam por nós, nem podíamos pedi-lo.” Fazia referência à URSS.

“Com o desenvolvimento das tecnologias modernas era ingênuo pensar ou pedir ou esperar que aquela potência lutara contra a outra, se intervinha nesta pequena ilha que está aqui a 90 milhas, e tivemos a certeza total de que nunca receberíamos esse apóio. Ainda mais: um dia lhes perguntamos isso direitamente vários anos antes do seu desaparecimento: ‘Digam-no-lo francamente’ ‘Não.’ Responderam o que já sabíamos que íamos a responder, e então, mais do que nunca, aceleramos o desenvolvimento da nossa concepção e aperfeiçoamos as idéias tácticas e estratégicas com as que triunfou esta Revolução e venceu, com uma força que inicia a sua luta com sete homens armados contra um inimigo que dispunha 80 000 homens entre marinheiros, soldados, policiais, etc, tanques, aviões, todo tipo de armas modernas que naquela época podia-se possuir, era infinita a diferença entre nossas armas e as armas que tinha aquela força armada treinada pelos Estados Unidos, apoiada pelos Estados Unidos e fornecida pelos Estados Unidos.”

“Hoje temos muito mais do que sete fuzis, temos todo um povo que aprendeu a utilizar as armas, todo um povo que, apesar de nossos erros, tem tal nível de cultura, de conhecimento e de consciência que nunca permitiria que este país se tornasse novamente em uma colônia deles.

“Este país pode autodestruir-se a si mesmo; esta Revolução pode destruir-se, são eles os que hoje não podem destruí-la; nós sim, nós podemos destruí-la e seria a nossa culpa.

“Tenho o privilégio de viver muitos anos, isso não é um mérito, mas é uma excepcional oportunidade para dizer-lhes a vocês, a todos os líderes da juventude, a todos os líderes das organizações de massa, a todos os líderes do movimento operário, dos Comitês de Defesa da Revolução, das mulheres, dos camponeses, dos combatentes da Revolução organizados em todas as partes, lutadores durante anos que em cifra de centenas de milhar cumpriram gloriosas missões internacionalistas..”

“... é impressionante ver os mais humildes setores sociais deste país convertidos em 28 000 trabalhadores sociais e centenas de milhar de estudantes universitários, universitários! Vejam que força! E em breve veremos também em ação a aqueles que formamos há pouco tempo na cidade esportiva.

“A cidade esportiva nos ensina sobre o marxismo-leninismo; ensina-nos sobre as classes sociais; a cidade esportiva reuniu há pouco tempo aproximadamente a 15 000 médicos e estudantes de medicina e a alguns da ELAM, e outros que vieram inclusive de Timor Leste para estudar medicina, nunca poderá se esquecer. Não acredito que se trate de um sentimento pessoal de qualquer de nós.

“Nunca esta sociedade esquecerá essas imagens das 15 000 batas brancas que ali se reuniram no dia em que se formaram os estudantes de medicina, no dia em que foi criado o contingente “Henry Reeve”, que já em um número considerável enviou suas forças para os lugares onde aconteceram fenômenos excepcionais em um tempo muito mais breve do que imaginávamos.

“Permitam-me dizer-lhes que hoje praticamente o capital humano é, ou avança aceleradamente para tornar-se o mais importante recurso do país, ultrapassando inclusive a o resto todos juntos. Não estou exagerando.”

“Por ai descobrimos postos de gasolina privados, alimentados com o combustível dos motoristas destes caminhões-cisterna.

“Algo que é conhecido é que muitos dos caminhões do Estado vão por um lado ou por outro e sempre alguém aproveita a ocasião para visitar um parente, um amigo, uma família ou a namorada.

“Lembro aquela vez, há vários anos antes do chamado período especial que vi rápido pela Quinta Avenida uma suntuosa carregadeira frontal Volvo quase acabado de comprar, que naquela época custavam 50 000 ou 60 000 dólares. Senti curiosidade de saber para onde é que ia a aquela velocidade e pedi ao escolta: “Espera, pergunta-lhe para onde vai, que te fale francamente.” E confessou que ia visitar à namorada com aquele Volvo, que corria a toda velocidade pela Quinta Avenida.

“Vereis coisas, Mio Cid – dizem que alguém disse lá, seria Cervantes-, que farão falar às pedras.

“... coisas como essas aconteceram. E, geralmente, o sabemos tudo, e muitos disseram: “A Revolução não pode; não, isto é impossível; não, ninguém pode solucionar isto.” Sim, isto vai solucioná-lo o povo, isto vai solucioná-lo a Revolução e de que maneira. É apenas uma questão de ética? Sim, é, antes de mais, uma questão de ética; mas, além disso, é uma questão econômica vital.

“Este é um dos povos mais esbanjadores de energia combustível do mundo. Aqui ficou demonstrado, e vocês com toda a honradez o disseram, e é muito importante. Ninguém sabe quanto custa a eletricidade, ninguém sabe quanto custa a gasolina, ninguém sabe o valor que tem no mercado. Ia dizer-lhes que é muito triste quando uma tonelada de petróleo pode custar 400 e de gasolina 500, 600, 700 e por vezes chegou a atingir 1000, e é um produto cujo preço não vai diminuir, alguns apenas circunstancialmente e não por muito tempo, porque o produto físico se esgota...”

“Nós vemos as nossas minas de níquel, que vão deixando o buraco onde houve muito níquel. Isso também está acontecendo com o petróleo, as grandes jazidas já apareceram e cada vez são menos. Esse é um tema sobre o qual pensamos muito.”

“... mas existiam, se não me engano aproximadamente 3 000 entidades que operavam divisas convertíveis e decidiam com bastante amplitude as despesas em divisas convertíveis de seus lucros, se compro isto ou aquilo, se pintar, se comprar melhor um carrinho e não continuo com o carrinho velho que temos. Nós compreendemos que nas condições deste país essa situação devia ser ultrapassada...”

Houve simplesmente que fechar as usinas açucareiras ou íamos para a Fossa de Bartlett. O país tinha muitos economistas, muitos, muitos e não tento criticá-los, mas com a mesma honestidade que falo sobre os erros da Revolução posso perguntar-lhes por que não descobrimos que a manutenção daquela produção, quando havia tempo que a URSS se derrubou, o preço do petróleo era de 40 dólares por barril e o preço do açúcar estava muito baixo, por que não se racionalizava aquela indústria e por que era preciso semear 20 000 (1 caballeria = 13,6 hectares) esse “caballerias” ano, quer dizer, quase 270 000 hectares para o qual é preciso lavrar a terra com tratores e charrúas pesadas, semear uma plantação de cana que depois é necessário limpar com máquinas, fertilizar com custosos erbicidas, etc., etc, etc

“Havia muito tempo que a URSS tinha-se derrubado, ficamos sem combustível do dia para a noite, sem matérias-primas, sem alimentos, sem produtos para a higiene pessoal, sem nada. Talvez fosse preciso que acontecesse o que aconteceu, talvez foi necessário que sofrêssemos o que sofremos, dispostos, como estávamos a dar a vida cem vezes antes de entregar a Pátria, antes de entregar a Revolução...”

“Talvez foi necessário porque temos cometido muitos erros, e são os erros que estamos tentando retificar, se quiserem, que estamos retificando.”
“...sem abuso de poder!, nada justificaria jamais que algum de nós tentara abusar do poder. Sim, devemos atrever-nos, devemos ter coragem de dizer as verdades, [...] você não está obrigado a dizê-las todas de uma vez, as batalhas políticas tem a sua táctica, a informação adequada, seguem também o seu caminho. [...] Não importa o que digam os bandidos e as notícias que cheguem amanhã ou depois de amanhã, ri melhor quem ri por último.”

“A questão não é imprimir notas e distribuí-las sem terem equivalente em mercadorias ou serviços...”

“Finalmente demos as casas de presente, alguns as compravam, eram donos, pagaram 50 pesos mensais, 80 pesos, bom, segundo a troca, se o recebiam de Miami, eram aproximadamente US$ 3.00; alguns vendiam-na, US$ 15.000, US$ 20.000, no final dos anos a tinham pagado com menos de US$ 500.

“Pode o país pode resolver seu problema de habitação presenteando casas? Quem as recebia, o proletário, o humilde? Muitos humildes receberam a casa de presente e depois venderam-na ao novo rico. Quanto podia pagar o novo rico por uma casa? Isso é socialismo?

“Pode ser uma necessidade num momento determinado, também pode ser um erro, visto que o país sofreu um golpe esmagador, quando de um dia para o outro aconteceu o derrubamento da grande potência e nos deixou sozinhos, e perdemos todos os mercados para o açúcar e deixamos de receber víveres, combustível, até madeira para poder enterrar de maneira cristã os nossos mortos. E todos achavam: “Isso se derruba”, e os muito estúpidos ainda acreditam nisso, que isto vai cair e se não acontece agora, depois. E quanto mais ilusões tenham e mais pensem, mais devemos pensar nós, e mais conclusões devemos tirar, para que a derrota jamais atinja este glorioso povo que tanto confia em nós todos.”

“Que o império não venha a criar cárceres para torturar homens e mulheres progressistas do resto do continente que se ergue atualmente decidido rumo à segunda e definitiva independência!”

“É melhor que não fique nada do nosso passado nem de nenhum de nossos descendentes antes que tenhamos que viver novamente uma vida tão repugnante e miserável.”

“Enganaram o mundo. Quando surgiram os meios de comunicação em massa apoderaram-se das mentes e governavam não só com mentiras, mas também com reflexos condicionados. Não é o mesmo uma mentira que um reflexo condicionado: a mentira afeta o conhecimento; o reflexo condicionado afeta a capacidade de pensar. E não é o mesmo estar desinformado que perder a capacidade de pensar, porque já criaram-te os reflexos: “Isto é mau, isto é mau; o socialismo é mau; o socialismo é mau”, e todos os ignorantes e todos os pobres e todos os explorados dizendo: “O socialismo é mau” “O comunismo é mau” e todos os pobres, todos os explorados e todos os analfabetos repetindo: “O comunismo é mau. ”

“Cuba é má, Cuba é má”, disse o império, o disse em Genebra, o disse em vários lugares, e todos os explorados deste mundo, todos os analfabetos e todos os que não recebem atendimento médico, nem educação, nem te emprego garantido, que não têm nada garantido: “A Revolução Cubana é má, a Revolução Cubana é má”.

“De que falam? Que faze o analfabeto? Como pode saber que o Fundo Monetário Internacional é bom ou mau, e que os lucros são mais altos, e que o mundo é submetido e saqueado incessantemente através de mil métodos desse sistema? Ele não sabe.

“Não ensinam a ler nem a escrever as massas, todos os anos gastam um milhão de milhões em publicidade; e não é só o que gastam, senão que gastam criando reflexos condicionados, porque ele comprou Palmolive; aquele, Colgate; mais outro, sabonete Candado, porque, simplesmente, o repetiram cem vezes, associaram-no a uma imagem bonita, semearam-lhe, talharam-lhe o cérebro. Eles, que falam tanto a respeito da lavagem de cérebro, talham-no, dão-lhe forma, tiram ao ser humano a capacidade de pensar; e se fizessem isso com alguém formado na universidade que pode ler um livro, seria menos grave.

“O que é que pode ler o analfabeto? Como é que percebe que o estão enganando? Como á que percebe que a maior mentira do mundo quer dizer que isso é democracia, o sistema podre que impera aí e na maior parte, por não dizer em quase todos os países que copiaram este sistema? [...] Isso é o que faz com que a gente seja, transcorrido algum tempo, ainda mais revolucionário do que era quando ignorava muita coisa e apenas conhecia os elementos da injustiça e da desigualdade.

“No momento em que lhes digo isto não estou teorizando, embora tenhamos que teorizar; estamos atuando, marchamos visando uma mudança total de nossa sociedade.”

“O preço do petróleo não se corresponde atualmente com nenhuma lei de oferta e demanda; seu preço depende de outros fatores: da escassez, do esbanjamento colossal dos países ricos, e ele não tem nada a ver com nenhuma lei econômica. É sua escassez perante uma crescente e extraordinária demanda.”

“Instamos o povo todo a que coopere nesta grande batalha, que não é só a batalha do combustível, da eletricidade, é a batalha contra todos os roubos, de qualquer tipo, em qualquer lugar.”


“Não tenho nada contra ninguém, mas também não tenho nada contra a verdade. Não me casei com a mentira, para aquele que se zangar, sinto muito, mas posso lhe advertir de antemão que perderá a batalha, e não será um ato de injustiça nem de abuso de poder.”

“Você gasta finalmente US$ 1,9 por cada 300 quilowatts de eletricidade; quer dizer, um preço de US$ 0,63 centavos por um quilowatt cubano de eletricidade. Que maravilha!

“Quanto gasta o povo de Cuba, por culpa desse dólar que enviaram a você de lá? Porque este não foi um dólar que você ganhou, ou um peso, trabalhando [...] te mandam de lá, alguém que foi sadio, tudo o que estudou foi gratuito desde que nasceu, não está doente, são os cidadãos mais saudáveis que chegam aos Estados Unidos, têm uma lei de ajuste, e, além disso, lhe proíbem enviar remessas.

“Lógico que você não gastou nem um centavo do que lhe enviaram em medicina, a medicina está subsidiada, se a comprou numa farmácia, essa que não se levaram nem venderam por ai, você gastou 10% do que custam em divisas. Se você foi para o hospital e talvez o operaram do coração, do tornozelo, sua operação pode custar US$ 1.000, US$ 2.000, US$ 10.000, lá nos Estados Unidos se você sofreu um enfarte e lhe colocam um válvula, pode ser o que lhe custou a um empregado nosso lá na Repartição de Interesses, US$ 80.000. Você jamais deixou de receber atendimento; podem existir alguns maus-tratos num hospital, mas, você freqüentou algum hospital onde não foi atendido?

“... um dia [...] a Revolução, com os instrumentos desenvolvidos pela técnica, poderá saber onde se encontra cada caminhão, em qualquer lugar, em qualquer rua. Ninguém vai poder fugir no caminhão e ir visitar a tia, [...] a noiva. Não é que seja mau visitar o familiar, o amigo, a noiva, mas não no caminhão destinado para o trabalho...”

“É preciso aplicar também a máxima racionalidade no salário, nos preços, nas aposentadorias e pensões. Zero esbanjamento. [...]. Não somos um país capitalista, em que tudo foi deixado ao azar.

“Subsídios ou gratuidade só nas coisas essenciais e vitais. [...] E com que pagamos os custos? [...] Tudo isso está ao nosso alcance, tudo pertence ao povo, a única coisa não permissível é esbanjar riquezas de forma egoísta e irresponsável.

“Realmente, minha intenção não era ministrar uma conferência sobre temas tão sensíveis, mas teria sido um crime não aproveitar essa oportunidade para dizer algumas coisas que têm a ver com a economia, com a vida material do país, com o destino da Revolução, com as idéias revolucionárias, com as razões pelas quais iniciamos esta luta, com a força colossal que temos hoje, o país que somos e poderemos continuar sendo, e muito mais do que somos.”

“Falo a vocês com toda a confiança com que lhes posso falar.”

“...o país terá muito mais, mas não será jamais uma sociedade de consumo, será uma sociedade de conhecimentos, de cultura, do desenvolvimento humano mais extraordinário que possa ser concebido, desenvolvimento da cultura, da arte, da ciência [...] com uma plenitude de liberdade que ninguém poderá tolher. Isso sabemos hoje, não é preciso proclamá-lo, embora sim lembrá-lo.”

“Ninguém deve ter direito de fabricar armas nucleares. Ainda menos o privilégio que pretende ter o imperialismo para impor seu domínio hegemônico e tirar aos países do Terceiro Mundo seus recursos naturais e matérias-primas.”

“Deve acabar no mundo a prepotência, os abusos, o império da força e do terror. Este desaparece diante da ausência total de medo e cada vez são mais os povos que têm menos medo, cada vez serão mais os que se revoltem e o império não poderá sustentar o infame sistema que ainda sustenta.”

“É justo demais lutar por isso, e por isso devemos empregar todas nossas energias, todos nossos esforços, nosso tempo todo, para poder dizer na voz de milhões ou de centenas ou de bilhões. Vale a pena ter nascido! Vale a pena ter vivido!”

Foi assim que conclui aquele discurso, que hoje ratifico novamente.

Muito obrigado

17 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Liberdade de expressão" na grande mídia: Editor do Diário do Nordeste é demitido por publicar caderno sobre Marxismo

O jornalista Dalwton Moura, editor do jornal cearense Diário do Nordeste, foi demitido na última semana, após publicar um caderno especial sobre as revoluções marxistas. O caderno, publicado no dia 17/10, trazia seis páginas com uma entrevista do sociólogo e filósofo Michael Löwi e artigos de Adelaide Gonçalves e José Arbex Jr. O jornalista foi pautado pela direção do veículo, mas após a publicação, o jornal considerou o caderno "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".

O caderno foi encomendado porque Michael Löwi estaria em Fortaleza para lançar o livro Revoluções. A reportagem foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, e sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ao comunicar a demissão de Moura, o editor-chefe afirmou que “não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada”. Segundo o jornalista, que trabalhava há quase nove anos no veículo, o editor informou que o caderno gerou problemas para a direção do jornal. “Disseram que gerou problemas, que não teria sido bem recebido pela direção da empresa”, contou Moura.

Capa do caderno, publicado no dia 17/10

O editor disse que “jamais imaginou” que poderia ser demitido dessa forma, e que a demissão abre espaço para várias interpretações. “Jamais imaginei que poderia gerar isso. O caso é complexo e dá margem para várias leituras”. De acordo com Moura, nem ele, nem a repórter Síria Mapurunga, que fizeram a entrevista com o filósofo, emitiram opinião. A entrevista destacava no título a declaração de Löwi: “O marxismo tem de evoluir para uma maior radicalização”.

O Sindicato dos Jornalistas do Ceará questionou a demissão e criticou o fato de a grande imprensa contestar a criação do Conselho de Comunicação no Estado, mas permitir que demissões como a de Moura aconteçam.

“A demissão do então editor do 'Caderno 3' expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores”, diz a nota divulgada pelo sindicato.

Procurado pela reportagem, o editor-chefe do Diário do Nordeste informou que todos os esclarecimentos do caso já foram prestados a Moura.


Izabela Vasconcelos
28/10/10

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CÍRCULO DE DIÁLOGO II




Da Pública à ...Privada: Discussão acerca das Práticas Políticas em Educação

Prof.Dr. Alexandre Freitas – CE-UFPE
Prof.Dr. Evson Malaquias – CE-UFPE
Prof.Dra. Janete Azevedo – CE-UFPE
Prof.Dr. Vantuil Barroso – CE-UFPE

Auditório do Centro de Educação/UFPE
25 de Outubro, às 19H.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Declaración de Cuba: Enérgico rechazo al golpe de Estado en Ecuador










DECLARACIÓN DEL MINISTRO DE RELACIONES EXTERIORES DE CUBA SOBRE EL INTENTO DE GOLPE DE ESTADO EN ECUADOR. LA HABANA, 30 DE SEPTIEMBRE DEL 2010, 3:00PM.
Por instrucciones del Presidente del Consejo de Estado y de Ministros haré la declaración siguiente:

* El gobierno de la República de Cuba condena y manifiesta su más enérgico rechazo al golpe de Estado que se desarrolla en Ecuador. El presidente Correa ha denunciado que está en curso un golpe de estado, que ha sido agredido y que se le retiene por la fuerza en el Hospital Metropolitano de la Policía de Quito.

* Cuba espera que la jefatura de las Fuerzas Armadas ecuatorianas cumpla su obligación de respetar y hacer cumplir la Constitución y de garantizar la inviolabilidad del Presidente de la República legítimamente electo y asegurar el Estado de derecho.

* Responsabilizamos al jefe de las Fuerzas Armadas de Ecuador con la integridad física y la vida del Presidente Correa. Debe asegurarse su plena libertad de movimiento y el ejercicio de sus funciones.

* Rechazamos enérgicamente las declaraciones que se atribuyen a la llamada Sociedad Patriótica, de Lucio Gutiérrez que proclama intenciones abiertamente golpistas.

* Cuba ofrece su más absoluto y completo respaldo al gobierno legítimo y constitucional del Presidente Rafael Correa y apoya al pueblo ecuatoriano que se moviliza para rescatar a su Presidente.

* Cuba se une a las declaraciones de Presidentes latinoamericanos y organizaciones internacionales que exigen se detenga la intentona golpista.

* Emplazo al gobierno de los EE.UU. a que se pronuncie contra el golpe de estado. Su vocero sólo ha dicho que “sigue de cerca la situación”. Una omisión en este sentido lo haría cómplice del intento de golpe.

* Hechos como este solo sirven a intereses externos a nuestra región que pretenden impedir el avance de procesos independientes y transformadores.

* Es un intento además por silenciar la voz del Ecuador y de su Presidente en su enfrentamiento a la política intervencionista de los Estados Unidos en la región.

* Intentos desestabilizadores como estos solo buscan retrotraer a nuestra región a la época de golpes de estado, ahora bajo otras fórmulas, para restaurar la dominación del imperialismo y las oligarquías.

* Cuba advirtió, en ocasión del golpe de estado organizado en Honduras, con la participación de sectores de poder de los Estados Unidos, y después con la situación de impunidad en que han quedado los golpistas, que con esos graves hechos se había reabierto una nueva era de golpe de estados y dictaduras militares en América Latina.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ex-menina de rua de SP estuda Medicina em Cuba

27/08/2010 - 11:01


Graças a alguns “papa-hóstias”, como costumo chamar meus amigos da igreja, fiquei sabendo da história dela durante um agradável almoço na Feijoada da Lana, na Vila Madalena, a melhor da cidade. Repórter vive disso: tem que andar por aí, conversar com todo mundo para descobrir as novidades, ficar sabendo de personagens cuja vida vale a pena ser contada.
É este o caso da jovem Gisele Antunes Rodrigues, de 23 anos, ex-menina de rua de São Paulo, nascida em Ribeirão Pires, que deu a volta por cima e hoje está no terceiro ano de Medicina. Detalhe: ela estuda no Instituto Superior de Ciências Médicas de La Habana, em Cuba, onde estão matriculados outros 275 brasileiros.
Gisele veio passar as férias no Brasil e, na próxima semana, volta a Cuba. Como ela foi parar lá? Ninguém melhor do que a própria Gisele, que escreve muito bem, para nos contar como é a vida lá e como foi esta sua incrível travessia das ruas de São Paulo até cursar uma faculdade de Medicina em outro país.
A meu pedido, Gisele enviou seu depoimento nesta sexta-feira e eu pedi autorização para poder reproduzí-lo aqui no Balaio. Tenho certeza de que esta comovente história com final feliz pode servir de estímulo e inspiração a outros jovens que vivem em dificuldades.
Para: Ricardo Kotscho
Olá!!!
Autorizo o senhor a publicar essa história. Caso deseje, pode corrigir os erros. Mas, por favor, sem sensacionalismo. Tente seguir mais o menos o texto abaixo. Desculpa por escrever isso, mas eu já tive problemas.

Gosto do seu blog, vou tentar acessar nele em Cuba.
Abraços
Gisele Antunes
***
Só mais uma brasileira
Saí de casa com 9 anos de idade porque minha mãe espancava eu e meu irmão. Não tínhamos comida, o básico para sobreviver. Meu pai nunca foi presente. É um alcoólatra que só vi duas vezes na vida. Minha mãe é uma mulher honesta, mas que não conseguia educar seus filhos. Já foi constatado que ela tem problemas mentais.
Ela trabalhava como cigana na Praça da República. Quando eu fugi de casa segui esse caminho, e encontrei uma grande quantidade de meninos e meninas de rua. Apresentei-me a um deles, este me ensinou como chegar em um albergue para jovens, e a partir desse momento passei a ser menina de rua. Só comparecia nessa instituição para comer, tomar banho e ter um pouco de infância (brincar). No meu quinto dia na rua, comecei a cheirar cola e depois maconha.
Alguns educadores preocupados com a minha situação tentavam me orientar, mas de nada valia. Foi quando me apresentaram a uma religiosa, a irmã Ana Maria, que me encaminhou para um abrigo, o Sol e Vida. Passei uns três anos lá e deixei de usar dogras. Esta instituição não era financiada pelo governo. Quando foi fechada, me encaminharam a outros abrigos da prefeitura, entre eles o Instituto Dom Bosco, do Bom Retiro. E assim foi, até os 17 anos.
Para alguém que usa droga, não era fácil seguir regras. Foi por muita persistência e um ótimo trabalho de vários educadores que eu consegui deixar a drogas, sair da desnutrição e recuperar a saúde após anemia grave.
Na infância, era rebelde, não queria aceitar a minha situação. Apenas queria ter uma família. Mas havia algo que eu valorizava _ a escola e os cursos que eu fazia na adolescência. Aos 14 anos de idade, comecei a jogar futebol, tive a minha primeira remuneração. Aos 16 anos, entrei em uma empresa, a Ericsson, que capacitava jovens dos abrigos para o mercado de trabalho. Essa empresa financiou meu curso de auxiliar de enfermagem e o inicio do técnico. O último não foi possível concluir.
Explico: existe uma lei nas instituições públicas segunda a qual o jovem a partir dos 17 anos e 11 meses não é mais sustentado pelo governo, tem que se manter sozinho. Como eu não tinha contato com a minha família, quando se aproximou a data de completar essa idade, entrei em desespero.
A sorte foi que a entidade, o Instituto Dom Bosco Bom Retiro, criou um projeto denominado Aquece Horizonte. Este projeto é uma república para jovens que, ao sair do abrigo, podem ficar lá até os 21 anos. Os coordenadores e patrocinadores acompanham o desenvolvimento do jovem neste período de amadurecimento.
As regras mais básicas da república são: trabalhar, estudar e querer vencer na vida. No segundo ano de república, eu desejava entrar na universidade, mas sabia que não tinha condições de pagar a faculdade de enfermagem ou conseguir passar na universidade pública.
Optei então por fazer a faculdade de pedagogia. É uma área que me encanta, e a única que podia pagar. No primeiro semestre da faculdade de pedagogia, um educador do abrigo, o Ivandro, me chamou pra uma conversa e me informou sobre um processo seletivo para estudar medicina em Cuba. Fiquei contente e aceitei participar da seleção.
Passei pelo processo seletivo no consulado cubano e estou desde 2007 em Cuba. Dou inicio ao terceiro ano de medicina no dia 06 de setembro de 2010. São 7 anos no país, sendo 6 de medicina e um de pré-médico.
Ir a Cuba foi minha maior conquista. Além de aprender sobre a medicina, aprendo sobre a vida, a importância dos valores. Antes de ir, sempre lia reportagens negativas sobre o país, mas quando cheguei lá, não foi isso que vi. Em Cuba, todos têm direito a educação, saúde, cultura, lazer e o básico pra sobreviver.
Li em muitas revistas que o Fidel Castro é um ditador, e descobri em Cuba, que ele é amado e idolatrado pelos cubanos. Escrevem que Cuba é o país da miséria. Mas de que tipo de miséria eles falam? Interpreto como miséria o que passei na infância. Em casa, não tinha água encanada, luz, comida.
Recordo que tinha dias em que eu, meu irmão e minha mãe não conseguíamos nos levantar da cama devido a fraqueza por falta de alimento. Tomávamos água doce pra esquecer a fome. Então, quando abro uma revista publicada no Brasil e nela está escrito que Cuba é um país miserável, eu me pergunto: se em Cuba, onde todos têm os direitos a saúde, educação, moradia, lazer e alimento, como podemos denominar o Brasil?
Temos um país com riqueza imensa, que conquistou o 8º lugar no ranking dos países mais ricos, mas sua riqueza se concentra nas mãos de poucos, com uns 60 % da população vivendo em uma miséria verdadeira, pior que a miséria da minha infância.
Cuba sofre um embargo econômico imposto pelos estados Unidos por ser um país socialista e é criticado por outros governos. No entanto, consegue dar bolsa para mais de 15 mil estrangeiros de vários países, se destaca na área da saúde (gratuita), educação (colegial, médio, técnico e superior gratuito para todos) e esporte (2º lugar no quadro de medalhas, na historia dos Jogos Panamericanos), é livre de analfabetismo.
A cada mil nascidos vivos morrem menos de 4. Vivenciando tudo isso, eu queria também que o Brasil fosse miserável como Cuba, como é escrito em varias revistas. Acho que o brasileiro estaria melhor e não seria tão comum encontrar tantos jovens sem educação, matando, roubando e se drogando nas ruas.
Vou passar mais quatro anos em Cuba e não quero deixar o curso por nada. Desejo concluir a faculdade e ajudar esse povo carente que sonha com melhoras na área da saúde, quero ajudar outros jovens a realizar os seus sonhos , como me ajudaram. Também pretendo apoiar meu irmão, que deseja estudar direito.
Tenho meu irmão como exemplo de superação. Saiu de casa com 13 anos de idade, mas não foi para uma instituição governamental. Morou em um cômodo que seu patrão lhe ofereceu. Enquanto eu estudava e fazia cursos, ele estava trabalhando para ter o pão de cada dia. Hoje, ele é um homem com 25 anos de idade, casado e tem uma filha linda, e mesmo assim encontra tempo pra me apoiar e me dar conselhos.
Foi muito bom visitar o Brasil. Depois de longos 13 anos tive um tipo de comunicação com a minha mãe. Isso pra mim é uma vitoria. Quero estar próxima dela quando voltar.
Conto um pouco da minha história, mas sei que muitos brasileiros ultrapassaram barreiras piores, até realizarem seus sonhos. Peço ao povo brasileiro que continue lutando. É período de eleições, peço também que todos votem com consciência, escolha a pessoa adequada pra administrar o nosso país tão injusto.
Gisele Antunes Rodrigues
Ser culto é o único modo de ser livre (José Martí)


Fonte: http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2010/08/27/ex-menina-de-rua-de-sp-estuda-medicina-em-cuba/

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Governo Mundial

(Segunda Parte)

(Extraído do CubaDebate)

“O ABC do tráfico de drogas”

“O ópio é cultivado em diversas regiões do mundo: América do Sul, Triângulo de Ouro de Laos, Burma e Tailândia, Afeganistão, Paquistão e Ásia Central, numa zona conhecida como a Meia Lua Dourada. A imensa maioria das amapolas de ópio crescem numa estreita zona montanhosa de aproximadamente seis mil quilômetros, que abrange do sul da Ásia à Turquia, passando pelo Paquistão e Laos.”

“Neste momento, é claro que os bilderbergers não se encarregam pessoalmente de transportar as drogas nem de lavar o dinheiro dos benefícios. A CIA se encarrega disso…”

“…Neil Clark aponta o seguinte: ‘Soros está aborrecido não com os objetivos de Bush ―estender a Pax Americana e fazer com que o mundo seja mais seguro para capitalistas globais como ele―, mas com a grosseira maneira de Bush para consegui-lo.”

“‘O Plano Marshall proposto para os Bálcãs é uma ilusão […] Financiado pelo Banco Mundial e pelo Banco Europeu de Desenvolvimento (EBRD), bem como por credores privados, beneficiará principalmente as empresas mineiras, petroleiras e construtoras, e inchará a dívida externa até bem adiantado o terceiro milênio.”

“Intervenção militar da OTAN”

“A consolidação do poder da OTAN no sul da Europa e no Mediterrâneo constitui também um passo para a ampliação do campo de influência geopolítica do Bilderberg, além dos Bálcãs, para a área do mar Cáspio, Ásia Central e Ásia Ocidental.”

“O fantasma de Travis”

“Na primeira semana de novembro de 1999, recebi o que em princípio parecia ser um cartão postal enviado de Ladispol, um povoado na região do Lazio, Roma, na costa mediterrânea.”

“Em 30 de março de 1980, foi a data em que saímos oficialmente da União Soviética. Enquanto estivemos na Itália, alojamo-nos em Ladispol, um lugarejo que seria o nosso lar durante o ano seguinte.”

“Saí para a rua. Chuviscava. Duas criancinhas pulavam e chapinhavam encantados, de charco em charco, deixando as marcas dos sapatos nas calçadas. Atravessei a elegante rua sob os grandes nimbos e abri a porta do pub da esquina da minha casa. 29 de novembro de 1999. Que diabo significava tudo isso? Voltei a ler o texto. ‘Estou passando bem. Tomara que você estivesse aqui’. Assinado: Fashoda. Que diabo era esse cara?”

“‘Fashoda não é uma pessoa, mas um lugar!’ Podia sentir como batia o meu coração. 29 de novembro de 1999 […] De repente, me endireitei no assento. ‘Fashoda, Travis Read!!!’.”

“Travis era um malandro que eu conheci durante a reunião do Clube Bilderberg em King City em 1996. Era uma trombadinha, indisciplinado e detestável […] Travis era propenso a ser preso e, quase com a mesma rapidez, a ser libertado.”

“Como soube mais tarde, Travis Read se converteu em delinqüente para trabalhar com os delinqüentes.”

“Foi enviado para o Sudão por contatos que trabalhavam tanto para a CIA quanto para a Polícia Nacional do Canadá, a RCMP […] Nunca foram revelados os pormenores de sua viagem ao Sudão, mas, ao igual que em 1899, esse lugar deixado da mão de Deus atraía os caras mais impróprios pelos motivos mais próprios.”

“‘Se Travis quiser me ver, então isto vai se tornar uma grande bagunça’, disse para os meus botões.”

“Devo admitir que quando as coisas se saíam mal, sempre confiava nos antigos funcionários soviéticos. Algo intrínseco neles fazia com que não confiassem no Ocidente e não se deixavam facilmente comprar, ao contrário do que os jornais de massas e as informações de imprensa desejam fazer crer.”

“Não eram esse tipo de pessoa que a gente gostaria trair. Eu sabia que estava a salvo com eles. Meu avô havia arriscado sua própria vida no início da década de 1950 para salvar a vida dos pais destes homens, agentes do KGB…”

“Em 27 de novembro, na última hora da tarde, tocou meu celular. Era Travis. Estava alojado em algum antro da periferia de Roma.”

“—Piazza della Repubblica, às 17h30 — interrompi-o.”

“—Eu ponho as regras — vociferou Travis.”

“—Você quer a informação ou não? — perguntou Travis.”

“—Não o suficiente como para que me matem — disse eu friamente.”

“Travis não assistiu à reunião. Ao redor das 20h30, encaminhamo-nos rapidamente para a residência dele, se pode ser chamada assim, pistolas na mão. O antro, de uma peça só, havia sido totalmente saqueado. Mesmo assim, não tinha indício de lutas nem manchas de sangue nem o cadáver de Travis Read. Pelo que sei, nunca mais se ouviu falar nele.”

“De vez em vez, o fantasma de Travis aparece nos cantos mais profundos de minha memória, uma lembrança mórbida da fragilidade e da falibilidade do espírito humano.”

Assim conclui Estulin o capítulo 3.

“CAPÍTULO 4”

“Bilderberg e a guerra secreta no Afeganistão”

“As causas pelas quais estouram as guerras se enraízam na ideologia refletida nos livros de texto escolares: as nações vão à guerra por períodos de tempo terrivelmente longos, fundamentando-se em mentiras, como o demonstrou a Primeira Guerra Mundial e cada um dos conflitos do século 20.”

“O famoso historiador Edmund Morgan escreveu o seguinte: ‘A história nunca se repete. Os que não sabem dos detalhes acreditam nisso’.”

“A bacia do mar Cáspio e a Ásia Central são as chaves da energia no século 21. Duas terceiras partes das reservas de petróleo se encontram naquela região […] ‘A América quer que a região esteja sob o total domínio estadunidense’, segundo afirma James Donan num artigo publicado na revista comercial Oil & Gas Journal, em 9 de outubro de 2001.”

“‘…Madeleine Albright [nesse momento, secretária de Estado sob a administração Clinton e uma das pessoas responsáveis pela guerra de Kosovo] concluiu que 'trabalhar para modelar o futuro da área é uma das coisas mais apaixonantes que podemos fazer'’, segundo informa o número de maio de 1998 da revista Time.

“A guerra do Golfo permitiu que o Pentágono estabelecesse numerosas bases militares na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em outros lugares.”

“Como foi documentado pelo professor Michel Chossudovsky no War and Globalization, a aliança GUUAM (Geórgia, Ucrânia, Uzbequistão, Azerbaijão, Moldávia) formada pela OTAN em 1999, está sobre o bojo da riqueza caspiana de petróleo e de gás. Fundamental em GUUAM é a Geórgia, um Estado cliente dos Estados Unidos, onde Mikhail Saakashvili demitiu como presidente o ex-ministro de Assuntos Exteriores soviético, Eduard Shevardnadze, mediante um golpe de Estado amanhado pelos americanos e apresentado como uma revolta popular e espontânea.”

“Segundo Project Underground […] antigos membros dos sovietes, do KGB e do Bureau Político se aproveitam da riqueza do petróleo, junto a «uma coleção formidável de importantes figuras da Guerra Fria, procedentes, principalmente, do gabinete de George [H. W.] Bush». Os jogadores são os antigos conselheiros de Reagan, Bush e Clinton, como James Baker III (ex-secretário de Estado da administração Bush pai), Dick Cheney (vice-presidente) e John Sununu (ex-chefe de pessoal da Casa Branca).”

“…Peter Sutherland (da British Petroleum), a rainha Elizabeth II da Inglaterra (acionária principal da British Petroleum, cabeça do Comitê dos 300), que estão lutando pelo controle sobre os recursos petroleiros e os corredores dos oleodutos que saem da bacia do mar Cáspio. Em 1998, após uma reunião secreta do Clube Bilderberg na Escócia, informei nos meios independentes que a OTAN, executando as ordens do Clube que a fundou, deu luz verde à Rússia para bombardear a Tchechênia, sabendo que com isso aumentariam ainda mais as hostilidades entre esses dois países, cujo ódio mútuo tem mais de trezentos anos.”

“O oleoduto afegão não era simplesmente um negócio, mas um componente fundamental de uma agenda geoestratégica mais ampla: controle militar e econômico total da Eurásia (Oriente Médio e as antigas Repúblicas soviéticas da Ásia Central). George Monbiot o confirmava no The Guardian, em 23 de outubro de 2001: ‘O petróleo e o gás não têm nenhum valor se não são deslocados. A única rota que tem sentido tanto político quanto econômico é através do Afeganistão...’.”

“Depois da queda da União Soviética, a companhia petrolífera argentina Bridas, dirigida por seu ambicioso presidente, Carlos Bulgheroni, foi a primeira empresa em explorar os jazigos petrolíferos de Turcomenistão, onde se encontram umas das maiores reservas de gás natural do mundo […] O Afeganistão é a rota mais curta no caminho ao golfo para transportar os recursos de gás do Turcomenistão e Uzbequistão, da Ásia do Norte Central e da Ásia Ocidental Central.”

“Com grande consternação para a companhia Bridas, UNOCAL se dirigiu diretamente aos líderes regionais com sua própria oferta. UNOCAL formou seu próprio consórcio concorrente, dirigido pelos Estados Unidos, patrocinado por Washington, que incluía Delta Oil da Arábia Saudita, junto ao príncipe saudita Abdullah e ao rei Fahd.”

“Segundo Ahmed Rashid, ‘a verdadeira influência de UNOCAL sobre os talibãs está baseada em que seu projeto tinha a possibilidade de ser reconhecido pelos Estados Unidos, algo que os talibãs queriam garantir a qualquer preço. […] Na primavera de 1996, executivos de UNOCAL levaram o líder uzbeque, o general Abdul Rashid Dostum (um assassino de massas, responsável pelo massacre de Dasht-i-Leili em dezembro de 2001, quando centenas de prisioneiros talibãs foram propositadamente asfixiados em contêineres metálicos, enquanto eram levados por soldados norte-americanos e da Aliança do Norte para a prisão de Kunduz, Afeganistão) a Dallas para debater a instalação do oleoduto em seus territórios do norte, controlados pela Aliança do Norte.”

“A concorrência entre UNOCAL e Bridas, conforme é descrita por Rashid, ‘começou a refletir a concorrência dentro da família real saudita’. Em 1997, funcionários talibãs foram duas vezes a Washington e a Buenos Aires para serem agasalhados por UNOCAL e Bridas.”

“Mais uma vez, a violência mudaria o curso dos acontecimentos. Em resposta ao bombardeamento das embaixadas estadunidenses em Nairobi e Tanzânia (atribuído a Ossama bin Laden, embora, segundo fontes de Inteligência francesas, o atentado fosse um trabalho do Mossad israelita), o presidente Bill Clinton disparou mísseis de cruzeiro contra uma loja vazia no Afeganistão e no Sudão, em 20 de agosto de 1998. A administração, então, cortou relações diplomáticas com os talibãs e as Nações Unidas impuseram sanções.”

“O resto de tempo da presidência de Clinton não houve reconhecimento oficial ao Afeganistão por parte dos Estados Unidos nem das Nações Unidas. E nenhum avanço no tema do oleoduto.”

“Naquele tempo, George W. Bush entrou na Casa Branca.”

“Durante os meses finais da administração Clinton, os talibãs eram oficialmente um grupo terrorista. Depois de quase uma década de competição feroz entre o consórcio UNOCAL-CentGas, apoiado pelos Estados Unidos e Bridas da Argentina, nenhuma empresa havia chegado a um acordo para construir um oleoduto no Afeganistão […] George W. Bush reatou as relações com os talibãs. Não é para supreender, visto que, em 1998 e em 2000, o ex-presidente George H. W. Bush foi à Arábia Saudita em nome da empresa privada Carlyle Group, o undécimo maior empreiteiro de Defesa nos Estados Unidos, onde se reuniu em privado com a família real saudita e com a família de Ossama bin Laden, conforme a edição de 27 de setembro de 2001, do The Wall Street Journal.”

“Num dos episódios mais surrealistas e kafkianos dos acontecimentos prévios a 11-S, o The Washington Post cita Milt Bearden, agente da CIA, que ajudou a estabelecer os mujahedin afegãos, lamentando o fato de que os Estados Unidos não tomaram tempo para entender os talibãs, quando afirmou: ‘Nunca ouvimos o que eles tentavam nos dizer […]. Não falávamos uma língua comum. Nós falávamos 'entregai Bin Laden'. Eles diziam: Façam alguma coisa para nos ajudar a entregá-lo'’. Porém, há muito mais.”

“De fato, a relação entre a administração Bush e o ‘terrorista’ e líder da Al-Qaeda, Ossama bin Laden, nunca foi melhor.”

“A evidência de que a guerra no Afeganistão, onde a avareza multinacional se mistura com a avareza e a crueldade dos grandes do petróleo (BP, Shell, Exxon, Mobil, Chevron, etc.) é simplesmente irrefutável. Assusta pensar que um canto deixado da mão de Deus, controlado por terroristas, possa se tornar um ponto onde se combinam os interesses da administração Bush, Bridas, UNOCAL, CIA, dos talibãs, Enron, Arábia Saudita, Paquistão, Irão, Rússia e Índia.”

Sob a epígrafe Um vaqueiro na Casa Branca, Daniel Estulin assinala que:

“Bush formou seu gabinete com personagens da indústria da energia com estreitos vínculos na Ásia Central (Dick Cheney, de Halliburton; Richard Armitage, de UNOCAL; Condoleeza Rice, de Chevron) e chegou ao poder, graças à generosidade das corporações com direitos adquiridos na região, como a Enron.”

“A participação da família Bush na política petroleira do Oriente Médio e da Ásia Central e seus vínculos profundos com a família real saudita e a família Bin Laden existem há várias gerações.”

“Como os membros do Bilderberger criaram a guerra do Yom Kippur com o objetivo de internacionalizar o petróleo.”

“…Os membros do Bilderberg não deixam nenhuma ponta solta. Não trabalham com um plano quinquenal. Planejam a mais longo prazo. No início dos anos setenta, prepararam um plano B, um plano de partilha do petróleo, que incluía os Estados Unidos e mais onze importantes países industrializados, estabelecendo um mecanismo sob o qual Allen sustenta o seguinte: ‘O petróleo produzido no interior dos Estados Unidos pela primeira vez na história americana será partilhado e destinado, se houver outro embargo do petróleo do Oriente Médio’.”

Epílogo do capítulo 4.

“A ‘prova’ de 1973, preparada pelos membros do Bilderberg, demonstra claramente que o petróleo será utilizado como arma de controle. O que aconteceu em 1973 alertou ‘a população estadunidense e demonstrou-lhe quanto controle os governos estrangeiros e as corporações multinacionais podiam exercer sobre a nação’, escreve David A. Rivera em Final Warning: A History of the New World Order.”

No capítulo 5 se aborda:

“MATRIX: Bases de Dados e Programa de Conhecimento Total de Informação”

“Em geral, é muito mais simples chegar a um acordo quando não há ouvintes. Não é uma questão de secretos, mas da capacidade de agir de uma maneira mais eficaz.”

NEIL KINNOCK: comissário da União Europeia e membro do Bilderberg

“O Programa de Conhecimento Total de Informação (Total Information Awareness,TIA) do Pentágono é um sistema que parte de uma frase codificada e implica a dissolução gradual das prezadas liberdades individuais da América defendidas pela Constituição a favor de um Estado global, totalitário. A maior parte dos pormenores deste gigantesco sistema de espionagem continua sendo um mistério. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o TIA se tornou uma rede de vigilância que é ‘representativa de uma tendência maior aparecida nos Estados Unidos e na Europa: o fluxo aparentemente inexorável para uma sociedade sob vigilância’.”

“O eixo principal da rede de Vigilância Total é uma nova e extraordinária modalidade denominada «mineração de dados» ou descoberta de conhecimento, que supõe a extração automatizada de informação preditiva oculta a partir de bases de dados.”

“Pondo em prática uma capacidade incomparável para processar bilhões de registros por segundo, Accurint compilou o maior registro de dados de contato acessível do mundo. Accurint procura mais de 20 bilhões de registros que cobrem desde mudanças recentes até direções antigas que remontam a mais de 30 anos atrás.”

“…quando lhes foi solicitada mais informação, os responsáveis da empresa se negaram a revelar detalhes mais específicos sobre a natureza e as fontes dos dados.”

“Segundo Christopher Calabrese, do Conselho do Programa de Tecnologia e Liberdade da União de Liberdades Civis Americana, ‘Matrix […] converte cada estadunidense num suspeito’.”

“A Associated Press revelou que, em janeiro de 2003, o governador da Flórida, Jebb Bush, informou o vice-presidente Dick Cheney, Tom Ridge, que estava a ponto de juramentar como secretário do novo Departamento de Segurança Nacional, e o diretor do FBI, Robert Mueller, sobre o projeto secreto que demonstraria como as Forças de Segurança poderiam usar um programa informático para capturar ‘terroristas’.”

“Linha aérea Ibéria”

“Por outra parte, a Ibéria, a principal linha aérea espanhola, foi acusada de ceder informação confidencial dos seus passageiros ao governo dos Estados Unidos…”.

“‘Os Estados Unidos obrigam as linhas aéreas a fornecer dados sobre os viajantes’, Andy Sullivan, Reuters, 17 de março de 2004.”

“Da mesma maneira, a NASA também pediu e recebeu informação confidencial sobre dados de passageiros de milhões de clientes da Northwest Airlines como nomes, endereços, itinerários de viagem e números do cartão de crédito, para um estudo similar de mineração de dados […] incidentes têm ocasionado dezenas de litígios. Isto representava também uma violação de sua própria política.”

“‘A Northwest Airlines entrega à NASA informação pessoal sobre milhões de passageiros; a cessão viola a política de privacidade’, Electronic Privacy Information Center, 18 de janeiro de 2004.”

“‘A Northwest Airlines cede dados dos passageiros ao governo’, Jon Swartz, USA Today, 19 de janeiro de 2004.”

Dedica uma epígrafe a:

“Detalhes privados à vista de todos”

“O comissário Almunia, o presidente Borrell e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, outro membro do Bilderberger habitual, fizeram uma grande campanha a favor da aprovação dos direitos fundamentais, consagrados supostamente na Constituição Europeia [...] O que nunca disseram nem Borrell, nem Almunia, nem Barroso ao bom cidadão europeu é que todos esses direitos, segundo o artigo 51, podem ser suspensos, se ‘ os interesses da União’ assim o determinarem.”

“Contudo, há muita coisa mais por contar quanto à vergonhosa demonstração de traição por parte da Comissão Europeia no que diz respeito aos seus próprios cidadãos.”

“Controle europeu das telecomunicações: votação no Parlamento Europeu para aceitar a retenção de dados e a vigilância por parte das forças de segurança.

“A votação sobre a retenção de dados de 30 de maio de 2002 (Na legislação europeia anterior, os votos do PPE e PSE reuniram 526 eurodeputados, de um total de 626).”

“Statewatch e os Repórteres Sem Fronteiras foram as únicas organizações que informaram sobre o que sã decisões que afetam centenas de milhões de europeus.”

“Basicamente, a grandiloqüência e desafio dos socialistas sobre questões de lei nacional e internacional são uma farsa. A aliança dos grupos do PPE e do PSE no Parlamento Europeu demonstrou que eles apoiam as exigências dos governos da UE, em lugar de agir em defesa das pessoas e de defender os direitos de cidadãos à privacidade e às liberdades civis.”

“Javier Solana Madariaga, membro chave do Grupo Bilderberg, antigo secretário-geral da OTAN e secretário-geral do Conselho da União Europeia/Alto Representante para a Política Comum de Segurança e Defesa, numa decisão que a Federação Internacional de Jornalistas simplesmente batizou como «um golpe de Estado de verão». Lembrem, leitores, que personagens como Javier Solana não representam os seus interesses nem os da Espanha.”

Depois Estulin documentou tudo ao longo de 16 páginas.

Seu livro inclui uma epígrafe intitulada “Meu final”.

“A memória criativa é o contrário mais sutil do historiador. O pretexto de esquecer governa e deforma tudo o que decidimos lembrar abertamente. A existência e o mundo parece se justificarem apenas como fenômeno estético. Só o estético implica não a vida pela vida, mas um contraste agudo à interpretação moral da existência e do mundo.”

“Amos Oz, provavelmente o romancista israelense mais conhecido, fez esta observação: ‘Ali, onde a guerra se chama paz; ali, onde a opressão e a perseguição se denominam segurança, e o assassinato, libertação, a poluição da linguagem precede e prepara a contaminação da vida e da dignidade. Afinal, o Estado, o regime, a classe ou as ideias permanecem inalteráveis, enquanto a vida humana se destrói’.”

“Se a democracia é o governo do povo, os objetivos secretos dos governos e dos sinistros grupos de pressão são incompatíveis com a democracia. A própria ideia de esferas clandestinas de influência dentro do governo que empreendem campanhas secretas contra a humanidade é, portanto, alheia à noção de liberdade e deve ser combatida com entusiasta determinação, a não ser que desejemos repetir os erros fatais de um passado não tão distante.”

“Numa sociedade cada vez mais desmembrada, existem alguns elementos que permitem destacar o que partilhamos, o que temos em comum, e permitem fazê-lo diretamente, com dramática intensidade. A dignidade humana e um anseio genuíno de liberdade, que se compreende num instante em qualquer lugar do mundo e não necessita tradução, são alguns dos aspectos mais valiosos da tradição universal. Merece todo o apoio que possa receber.

“Finalmente, se o fato de criticar os aspectos arrogantes, irreflexivos e abusivos da sociedade totalitária faz com que, por vezes, alguém zombar de você e te chamar de «contra-tudo», deveria considerá-lo como uma distinção honorável. Graham Greene acertou quando disse que «o escritor deve estar pronto para mudar de bando em qualquer momento. Sua missão é defender as vítimas e as vítimas mudam».

“DANIEL ESTULIN”

Dedica finalmente oito páginas e meia à memória de seu avô.

“Essa foi a última vez que o vi vivo. Um ancião de complexão normal, de 96 anos de idade, sentado no seu divã desvencilhado, olhando através de seus óculos exagerados, encontrando-se com meu olhar, mas apenas capaz de reconhecer meus olhos. Estava vivo porque se movimentava e falava, ou antes, porque fazia um esforço sobre-humano para enlaçar as letras, que se derramavam nos lugares mais recônditos das profundidades da consciência que lhe restava e se negavam com teimosia a se juntarem para formar sintagmas coerentes. Nos últimos meses de sua longa vida, ao meu avô, um homem que se expressava com clareza e que gostava demais do humor e do debate, literalmente faltavam as palavras. Numa espécie de ato de crueldade final, o câncer roubou sua linguagem antes de roubar sua vida.”

“Com meu bilhete de avião de retorno à Espanha na mão, passei por casa dele para me despedir. Em minha última visita, não nos dissemos grande coisa. Eu não encontrava as palavras apropriadas. Estava sem fôlego e me custava respirar, porque sabia que nunca mais o veria. ‘Adeus’ era uma expressão simples demais e atroz demais.”

“Na mesa da sala de estar, apoiada na parede, tinha uma fotografia dos meus avós, feita pouco depois de sua chegada ao Canadá, em 1983. Minha avó havia falecido fazia pouco mais de um ano. Meu avô, doente de gravidade naquele momento, nunca se recuperou da perda de alguém que amou profundamente durante mais de quarenta anos.”

“Tentando por todos os meios de não debulhar em prantos, continuo lembrando a eu próprio que estas páginas são uma reivindicação da honestidade a expensas da crueldade e da oportunidade. O tema principal não é a política, nem uma crítica aberta do totalitarismo, ao contrário, mas o bater do coração de um homem, e por isso lhe presto homenagem. Por isso deveria ser lido.”

“A morte clínica do meu avô foi constatada no dia 18 de abril de 1995. Supunha-se que foi a última tarde que tinha sido ele próprio, como disse Auden acerca do dia em que morreu Yeats: ‘Ele se converteu em seus admiradores’. Ele se converteu em uma lembrança; sumiu nas profundezas do seu nome. É um dos mistérios da morte, que deveria supor uma mínima diferença para todos, menos para os achegados dessa pessoa.”

“Como o resto de nós, a gente morre, no mínimo, duas vezes: fisicamente e conceptualmente. Quando o coração deixa de bater e quando começa o esquecimento. Os mais afortunados, os mais brilhantes, são aqueles em que a segunda morte é adiada de um modo considerável, talvez indefinidamente […] Chegaram chamadas de todos os países e cantos imagináveis do Planeta, um tributo à infinita admiração que ele, meu avô, um ex-agente da contra-espionagem do KGB, infundiu nessas pessoas, nas quais influiu em suas vidas.”

“Seu avô era um soldado entre soldados. Esteve vinte e cinco anos defendendo o Império czarista, Alexandre II e Alexandre III. Meu avô continuou a tradição militar da família. Participou da Revolução, da guerra civil russa e das duas guerras mundiais. Enquanto defendia os Minsk nas primeiras semanas da Segunda Guerra Mundial, toda sua família, onze irmãos e irmãs, seu pai, sua mãe e uma avó de 104 anos de idade, foram exterminados pelos nazistas em Karasy-Bazar, Crimeia.”

“Levava uma vida verdadeira. Não se limitava simplesmente a viver.”

“Meu avô se tinha casado numa ocasião, em 1930. Teve três filhos. Então, chegou a guerra. Combateu em Belarus, defendeu Brest, mas foi obrigado a se retirar com o que restava do Exército Vermelho, devido ao avanço das tropas alemãs. Nalgum momento, no caos resultante, perdeu a pista de sua família. Uma mãe e três crianças de oito, cinco e três anos de idade não podiam ir tão rápido como o Exército Vermelho ou como os soldados nazistas. Foram capturados pelos nazistas, enviados a um campo de concentração e exterminados.

“A Segunda Guerra Mundial, tal como demonstro neste livro e como manifestei amplamente no meu primeiro livro sobre o Clube Bilderberg, foi astutamente financiada pelos Rockefeller, Loeb e Warberg. O príncipe Bernhard, fundador do Clube Bilderberg, também estava envolvido. Era nazista. A família real britânica simpatizava, na sua maioria, com os nazistas, ao igual que a maior parte do Eastern Establishment «liberal» dos Estados Unidos, o rede plutocrática que domina a vida econômica, política e social desse país. Hitler, a besta, foi criado pelos mesmos que hoje assistem em secreto às reuniões do Clube Bilderberg, o CFR e a Comissão Trilateral. A história, para esta gente, é um quadro-negro em branco para defecar sobre a angústia dos outros. Alguém me pode culpar por desprezar tanto o Bilderberg e seus pares?”

“No meu caso, meu avô continua sendo minha pedra angular —companheiro de viagem — inclusive depois da morte. Está tão ausente quanto presente.”

“Tempo e espaço, os truques do mundo ferido por toda parte, o monte de resíduos que chamamos história, que também representam seus sucessos. São seus sucessos. Como o tempo, estes conservam a magia que o faz desaparecer.”

“Lembro-me dele, sobretudo, quando se aproxima seu aniversário. Mas, para mim, este ano é diferente. A idade é uma acumulação de vida e de perda. A idade adulta é uma série de linhas cruzadas. Ultrapassei um limiar. Doravante, estou sozinho...”

Recolhi na segunda parte desta Reflexão grande quantidade das linhas finais de seu livro. Explicam seu desprezo pela odiosa instituição do Clube Bilderberg.

É terrível pensar que as inteligências e os sentimentos das crianças e dos jovens dos Estados Unidos são mutilados dessa maneira.

Agora é preciso lutar para evitar que sejam conduzidos a um holocausto nuclear, e recuperar tudo o que for possível, sua saúde física e mental, e procurar as formas em que os seres humanos sejam libertados para sempre de tão terrível destino.



Fidel Castro Ruz

18 de agosto de 2010

17h54

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O governo mundial

(Primeira parte)

NA recente Reflexão de há dois dias, em 15 de agosto, ao comentar um artigo do jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o Programa "Mesa-Redonda" da televisão nacional, escrevi acerca de uma reunião realizada no hotel Dolce, de Barcelona, sobre o que ele chama de Governo Mundial. "Articulistas honestos acompanhavam mesmo do que ele as notícias que conseguiram filtrar-se do estranho encontro. Alguém muito mais informado do que eles ia no encalço desses eventos há muitos anos."

Referia-me ao escritor Daniel Estulin; 475 páginas de 20 linhas cada, estavam à minha espera para fazer uma revisão da fantástica história narrada pelo mencionado autor, se algum dos participantes dessa reunião fosse capaz de negar sua presença ali, ou sua participação no que é narrado no livro.

O mais apropriado nesta Reflexão, que dividirei em duas partes para não resultar extensa demais, é incluir um número de parágrafos selecionados por mim, para dar uma idéia do fabuloso livro intitulado: "Os segredos do Clube Bilderberg". Neste livro Estulin esmiuça os grandes gurus:

Henry Kissinger, George Osborne, os diretivos de Goldman Sachs, Robert Zoellic, Dominique Strauss-Kahn, Pascal Lamy, Jean Claude Trichet, Ana Patricia Botín, os presidentes da Coca Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, British Petroleum, e outros similares políticos e magnatas das finanças.

Estulin começa pelas raízes:

"‘Durante dois domingos seguidos, algo sem precedentes, no programa de Ed Sullivan – conta-nos Donald Phau en The Satanic Roots of Rock –, mais de setenta e cinco milhões de norte-americanos viram como os Beatles agitavam a cabeça e moviam o esqueleto, um ritual que em breve seria copiado por centenas de futuros grupos de rock’."

"O homem responsável porque os estadunidenses ‘gostassem’ dos Beatles foi o próprio Walter Lippmann. Os Beatles, o grupo do qual já se fizeram mais paródias e versões de suas canções na história da música, foram colocados perante o público norte-americano para que fossem descobertos."

Um dos epígrafes iniciais intitula-se "Entra Theo Adorno".

"A responsabilidade de elaborar uma teoria social do rock and roll coube ao sociólogo, musicólogo e compositor alemão Theodor Adorno, ‘um dos principais filósofos da Escola de Frankfurt de Investigação Social…’ Adorno foi enviado aos Estados Unidos, em 1939, para dirigir o Projeto de Investigação da Rádio de Princetown, um esforço conjunto do Instituto Tavistock e da Escola de Frankfurt, com o objetivo de controlar as massas, financiado pela Fundação Rockefeller e fundado por um dos homens de confiança de David Rockefeller, Hadley Cantril…"

"De fato, os nazistas tinham utilizado intensamente a propaganda radiofônica como instrumento de lavagem de cérebros e tornaram-na um elemento integral do Estado fascista. Este fato foi observado e estudado pelas redes do Tavistock e usado de maneira ampla em suas próprias experiências. O objetivo deste projeto, como é explicado em Introdução à sociologia da música do próprio Adorno, era «programar uma cultura ‘musical’ de massas, como una forma de controle social em massa…"

"‘As cadeias de rádio converteram-se em máquinas que reciclavam durante vinte e quatro horas a fio os quarenta maiores êxitos’."

"Os Beatles chegaram aos Estados Unidos em fevereiro de 1964, quando o movimento a favor dos direitos civis estava em seu apogeu. O país encontrava-se num profundo trauma nacional e recuperava-se do brutal assassinato do presidente John F. Kennedy […] nas ruas da capital o movimento pelos direitos civis, dirigido pelo doutor Martin Luther King, convocava a uma manifestação da qual participou mais de meio milhão de pessoas."

"Entre 1964 e 1966, a chamada invasão britânica foi a eclosão de uma série de cantores e grupos de rock da Grã Bretanha que ganharam popularidade nos Estados Unidos e cercaram a cultura norte-americana. […] no final de 1964 ficou demonstrado que esta ‘invasão inglesa’ foi bem planejada e coordenada.

"‘Estes grupos recém-criados e seu estilo de vida […] converteram-se em um novo 'tipo' (gíria do Tavistock) muito visível’, e não decorreu muito tempo antes que novos estilos (modas na roupa, penteado e uso da linguagem) arrastaram milhões de jovens norte-americanos ao novo culto. A juventude dos Estados Unidos sofreu uma revolução radical sem sequer ser ciente disso […] reagindo de forma equivocada contra as manifestações dessa crise, que eram as drogas de todo tipo, primeiro a maconha e depois o ácido lisérgico (LSD), uma poderosa droga que alterava o estado da consciência. ’ […] no quartel-general do MI6 em Londres e na base da CIA, em Langley, Virginia, se pode dar por certo que a inteligência britânica e sua filial, o Escritório de Serviços Estratégicos norte-americano, estiveram diretamente envolvidos em uma investigação secreta para controlar a conduta humana. Allen Dulles, diretor da CIA na altura em que a agência começou, MK-Ultra, era o chefe da OSS em Berna, Suíça, durante a primeira época da investigação de Sandoz."

"…nos Estados Unidos e na Europa, utilizaram-se os grandes concertos de rock ao ar livre para frear o crescente descontentamento da população."

"A ofensiva empreendida por Bilderberg-Tavistock levou toda uma geração ao caminho de tijolos amarelos do LSD e da maconha…"

"ENTRA ALDOUS HUXLEY"

"O sumo sacerdote da guerra do ópio inglesa foi Aldous Huxley, neto de Thomas H. Huxley, fundador do grupo da Mesa-Redonda de Rodas, e também famoso e eloqüente biólogo, que ajudou Charles Darwin a desenvolver a teoria da evolução."

"Toynbee, educado em Oxford […] trabalhou como delegado britânico na Conferência de Paz de Paris, em 1919’…"

"‘Seu tutor em Oxford foi H. G. Wells, diretor da inteligência britânica durante a Primeira Guerra Mundial e pai espiritual da Conspiração do Aquário. Aldous Huxley foi um dos iniciados dos Filhos do Sol, culto dionisíaco do qual participavam os filhos da elite da Mesa-Redonda britânica.’ Seu romance mais famoso, Um mundo feliz, é um rascunho (encarregado por vários conselhos mundiais) para um autêntico mundo socialista futuro sob um governo único ou, como seu mentor fabiano, H. G. Wells, disse e usou como título de um de seus populares romances, um rascunho para A Nova Ordem Mundial…"

"Em Um mundo feliz, Huxley concentrou-se no método científico para manter todas as populações fora da elite minoritária em um estado quase permanente de submissão e apaixonadas por suas correntes. As principais ferramentas para consegui-lo foram as vacinas que alteravam as funções do cérebro e remédios que o Estado obrigava a população a consumir. Wells opinava que isto não era uma conspiração, mas sim ‘um cérebro mundial trabalhando como policial da mente’."

"Em 1937, Huxley se deslocou para a Califórnia, onde trabalhou como roteirista para a MGM, Warner Brothers e Walt Disney, por intermédio de um de seus contatos em Los Ángeles: Jacob Zeitlin." […] ‘Bugsy Siegel, o chefe da organização Lansky da máfia na Costa Oeste, mantinha estreitos vínculos com Warner Brothers e MGM’."

"De fato, a indústria do espetáculo ― produção, distribuição, marketing e publicidade ― está sob controle de uma máfia que surge da união do crime organizado e caloteiros de alto nível de Wall Street, que em última instância estão controlados pelo todo-poderoso Bilderberg. A indústria do espetáculo está desenhada igual do que qualquer outra ‘linha de negócio’ do Bilderberg e seus sequazes."

"O TRABALHO DE HUXLEY"

"Em 1954, Huxley publicou um influenciador estudo da expansão da consciência por meio da mescalina, intitulado As portas da percepção (1954), o primeiro manifesto da cultura das drogas psicodélicas."

"Em 1958, reuniu uma série de ensaios que tinha escrito para Newsda e a publicou sob o título Nova visita a um mundo feliz, nos quais descrevia uma sociedade onde ‘o primeiro objetivo dos governantes é evitar, custe o que custar, que seus governados criassem problemas’."

"Previu que as democracias mudariam sua essência: as velhas e estranhas tradições — eleições, parlamentos, supremos tribunais — permanecerão, porém o substrato que terá deixado será o totalitarismo não violento. […] Enquanto isso, a oligarquia dirigente e sua bem treinada elite de soldados, policiais, fabricantes de pensamento e manipuladores de mente, dirigirão tranqüilamente o mundo, a vontade. Com certeza, esta descrição de Huxley se ajusta perfeitamente à situação atual."

"Em setembro de 1960, Huxley foi nomeado professor convidado do Centennial Carnegie, no Massachusetts Institute of Technology (MIT) de Boston. Ali permaneceu apenas um semestre, depois foi dispensado. ‘Enquanto estava nessa cidade, Huxley criou um círculo em Harvard…’."

"O tema público desse círculo ou seminário de Harvard foi a religião e seu significado no mundo moderno. […] Michael Minnicino, em um artigo publicado na revista The Campaigner, em abril de 1974 […] afirma: ‘Durante seu período em Harvard, Huxley entrou em contacto com o presidente da Sandoz, que por sua vez trabalhava em uma encomenda da CIA para produzir grandes quantidades de LSD e psilocibina (mais uma droga sintética alucinógena) para MK-Ultra, a experiência oficial da CIA na guerra química’, um teste que usou humanos como cobaias para suas freqüentes experiências letais que, na maioria dos casos, implicava o uso de LSD. […] Ainda, a Universidade McGill, em Montreal, Canadá, instituição de ensino superior ligada ao Bilderberg, também fez experiências na década de 1960, dentro do programa MK-Ultra, sob o patrocínio de um fascista degenerado do Tavistock, John Rees, utilizando como sujeitos crianças de orfanatos locais, às quais torturavam e depois administravam diversas doses de LSD. […] Segundo documentos recentemente divulgados pela CIA (graças à Lei de Liberdade de Informação), Allen Dulles (nesse tempo diretor da CIA) comprou mais de cem milhões de doses de LSD, ‘muitas delas acabaram nas ruas dos Estados Unidos, no final da década de 1960’, segundo afirma Minnicino no artigo citado anteriormente."

"‘…Milhares de estudantes universitários serviram de cobaias. Eles [os estudantes] começaram logo a sintetizar seus próprios 'ácidos'’."

"‘…a imensa maioria daqueles que se manifestavam contra a guerra foi a Studentes for a Democratic Society, por causa da sensação de ultraje provocada pela situação no Vietnã. Porém, após ser atingida pela atmosfera criada pelos especialistas em guerra psicológica do Instituto Tavistock, e inundada com a mensagem de que o hedonismo e a defesa do país era uma alternativa legítima à guerra 'imoral', sua escala de valores e seu potencial criativo desvaneceu-se em uma nuvem de fumaça de haxixe’, escreve o autor na monografia citada anteriormente."

"CRIANDO A CONTRACULTURA"

"A ‘guerra’ cultural aberta, embora não declarada, contra a juventude norte-americana começou em verdade em 1967, quando o Bilderberg, para conseguir seus objetivos, começou a organizar concertos ao ar livre. Mediante esta arma secreta, conseguiu atrair mais de quatro milhões de jovens aos chamados ‘festivais’. Sem saberem, os jovens viraram vítimas de uma experiência perfeitamente planejada em grande escala com drogas. As drogas alucinógenas […] cujo consumo era propugnado pelos Beatles […] eram distribuídas nesses concertos. Não transcorreu muito tempo antes que mais de cinqüenta milhões dos participantes (nessa altura com idades que flutuavam entre os 10 e os 25 anos) regressassem ao lar convertidos em mensageiros e promotores da nova cultura das drogas ou daquilo que foi finalmente conhecido como a ‘New Age’."

"O maior concerto de todos os tempos, o ‘Woodstock Music and Art Fair’ ao ar livre, foi qualificado pela revista Time como um ‘Festival de Aquário’ e como ‘o maior espetáculo da história’. Woodstock passou a fazer parte do léxico cultural de toda uma geração."

"‘Em Woodstock ― escreve o jornalista Donald Phau―, quase meio milhão de jovens se reuniu em uma fazenda para ser drogados e seus cérebros lavados. As vítimas estavam isoladas, rodeadas de imundícia, até o topo de drogas psicodélicas e conseguiram mantê-las acordadas durante três dias consecutivos, tudo com a total cumplicidade do FBI e de altos cargos do governo. A segurança do concerto foi oferecida por uma comuna hippie treinada na distribuição em massa do LSD. Novamente seriam as redes da inteligência militar britânica as que começariam tudo’, com a ajuda da CIA, através de seu ex-diretor William Casey e de seus encontros com Sefton Delmer, do MI6, cujo contato Bruce Lockhardt foi o controlador do MI6 de Lenin e Trotsky, durante a revolução bolchevique."

"Teria de passar ainda outra década antes que a contracultura se integrasse no léxico norte-americano. Porém, as sementes do que era um projeto titânico e secreto para provocar uma reviravolta nos valores dos Estados Unidos foram semeadas então. Sexo, drogas e rock and roll, grandes manifestações em toda a nação, hippies, toxicômanos que abandonavam os estudos, a presidência de Nixon e a guerra do Vietnã desgarravam a própria fibra da sociedade norte-americana. O velho e o novo chocavam de frente e ninguém estava ciente de que esse conflito fazia parte de um plano social secreto, desenhado por algumas das pessoas mais brilhantes e diabólicas do mundo…"

"A CONSPIRAÇÃO AQUÁRIO"

"‘Na primavera de 1980 — escreve Lyndon LaRouche em DOPE INC.—ganhou fama o livro intitulado The Aquarian Conspiracy (foi vendido mais de um milhao de ejemplares e foi traduzido a dez línguas), tornando-se da noite para o dia em um manifesto da contracultura.’ […] The Aquarian Conspiracy afirmava que tinha chegado a hora da união dos quinze milhões de estadunidenses que participaram da contracultura para provocarem uma mudança radical nos Estados Unidos. De fato, este livro foi a primeira publicação orientada ao grande público que apostava no conceito de trabalho em equipe, um conceito considerado o mais virtuoso e impulsionado rapidamente pelos «gurus» do management."

"A autora Marilyn Ferguson afirma: ‘Enquanto rascunhava um livro ainda sem título sobre as novas alternativas sociais emergentes, pensei sobre a particular forma deste movimento, sobre seu atípica liderança, sobre a paciente intensidade de seus seguidores, sobre seus improváveis sucessos…’."

"Numa conferência de 1961, Aldous Huxley descreveu este estado policial como ‘a revolução final’: uma ‘ditadura sem lágrimas’ na qual a gente ‘ama suas correntes’."

"Zbigniew Brzezinski, assessor de Segurança Nacional do presidente Carter, fundador do Comitê Trilateral e membro de Bilderberg e do CFR, expressa idênticas idéias em sua apaixonante obra Between Two Ages: America’s Role in the Technotronic Era, escrita sob os auspícios do Instituto de Investigação sobre o Comunismo, da Universidade da Columbia e publicado pela Viking Press, em 1970.

"Sem lançar mão da repressão violenta, desenharam um complexo conjunto de ações para conseguir um ‘cidadão pacífico’ para a Nova Ordem Mundial. […] Também apoiaram novos conceitos como ‘inteligência emocional’, que é a capacidade de a gente se querer a si própria e de se relacionar com os outros. […] Uma terceira via para converter este ‘cidadão industrial' em ‘cidadão pacífico’ é uma grande campanha de marketing para divulgar o imenso reconhecimento social aos colaboradores das ONG, como expliquei em meu primeiro livro A verdadeira história do Clube Bilderberg."

Segundo Harmon:

"‘Uma vez embrandecidos, [os Estados Unidos] já estavam maduros para a introdução de drogas (especialmente a cocaína, o crack e a heroína) e o início de uma época que ia rivalizar com a proibição e com as enormes somas de dinheiro que começariam a se amealhar’."

"Vale a pena mencionar que extensos fragmentos das três mil páginas de ‘recomendações’ dadas ao recém-eleito Ronald Reagan, em janeiro de 1981 pelo CFR, têm como base o material tirado do relatório ‘As imagens cambiantes do homem’, de Willis Harmon.

"Com lua cheia, no dia 8 de dezembro de 1980, John Lennon foi assassinado por Mark Chapman. É pouco provável que num dia qualquer saibamos se Mark Chapman foi vítima de uma psicose modelo induzida artificialmente, um assassino ao estilo do ‘candidato manchu’ enviado pelo Tavistock, pela CIA e pelo MI6 para silenciar o Lennon que demonstrava ser cada vez mais difícil de controlar."

CAPÍTULO 2
"A PERFEITA MÁQUINA DE LAVAGEM CEREBRAL: A MTV"
"ENTRA MTV, A TELEVISÃO DA MÚSICA

"A MTV, um canal de mercado para música popular de rock e vídeos musicais, inventada e dirigida por Robert Pittman para o público adolescente e jovem, foi fundada em 1 de agosto de 1981. Hoje, faz parte do império Viacom (conhecido como CBS Corporation, cujo presidente e diretor-geral, Sumner Redstone, é membro pleno do CFR e cujo grupo mediático faz parte do Clube Bilderberg). Para chegar aos jovens sem que a sociedade percebesse o engano, foi necessário ‘criar uma contra-instituição que pregasse valores contrários aos valores dominantes na sociedade’. Isso é precisamente o que faz a MTV. ‘Pero para que esse esforço seja bem-sucedido — dice L. Wolfe —, deve ser neutralizada a influência positiva dos pais e da escola ou, pelo menos, debilitar sua influência.’"

"‘O modelo para isso [a MTV] foram os espetáculos teatrais oferecidos pelo pré-nazista Richard Wagner, nos quais levava ao público a uma espécie de êxtase que depois foi usado conscientemente pelos nazistas, ao criarem suas próprias celebrações simbólicas, como as reuniões em Nuremberg.’ Os especialistas da lavagem de cérebros que criaram a MTV estão conscientes de seu efeito. Num livro sobre a cadeia, Rocking Around the Clock, E. Ann Kaplan afirma que a MTV ‘hipnotiza mais do que qualquer outra [televisão] porque consiste numa série de textos curtos que nos mantém num estado constante de emoção e expectação... Ficamos presos à constante esperança de que o vídeo seguinte nos satisfará finalmente. Seduzidos pela promessa da plenitude imediata continuamos consumindo infinitamente esses textos curtos’."

"Durante os quatro minutos que dura aproximadamente um vídeo musical (os cientistas do Tavistock determinaram que quatro minutos era o tempo máximo que um sujeito involuntário era susceptível de receber as mensagens dos próprios programas), ‘uma realidade artificial na forma de 'contrapontos' se insere na consciência, substituindo a realidade cognitiva…’."

"‘Se a gente pensasse neste processo ― escreve Walter Lippmann ―, ele poderia acabar, mas conclui, ‘a massa de iletrados, de deficientes mentais, de profundamente neuróticos, desnutridos e frustrados indivíduos é tão considerável, que existem motivos para crer muito mais do que geralmente acreditamos. Desta maneira, [o processo] está ao alcance de pessoas que mentalmente são crianças ou bárbaros e cujas vidas são um problema total, elegem conteúdos simples com grande atrativo popular’. […] Em Crystallizing Public Opinion, Edward Bernays afirmou que «o cidadão médio é o censor mais eficaz do mundo. Sua própria mente é a maior barreira que o separa dos fatos."

"O espectador que sofre a lavagem de cérebro apenas tem a ilusão de que conserva a capacidade de eleger, de igual maneira um toxicômano crê que controla sua dependência em vez de que é controlado por ela. ‘A MTV ― diz Ann Kaplan ― está desenhada graças a um conhecimento cada vez maior dos métodos de manipulação psicológica.’ […] A média de consumo televisivo diário aumentou constantemente desde o aparecimento da televisão, de modo que, em meados da década de 1970, era a atividade com maior tempo dedicado, depois do sono e do trabalho, com quase seis horas diárias. Desde então, com o aparecimento do aparelho de vídeo, das vídeo consolas, aumentaram ainda mais. As crianças com idade escolar passavam quase tanto tempo assistindo a televisão quanto dormindo."

"‘Na terminologia de lavagem de cérebro freudiano ― expressa Emery ― o espectador de um vídeo musical encontra-se num estado induzido muito similar ao sono. Ajuda-o, ou o induz a entrar nesse estado, o aparecimento repetitivo de cores e imagens brilhantes que abrumam a vista, ao mesmo tempo que o ritmo pulsátil e vibrante do rock tem um efeito similar no ouvido.’ Não só estamos numa época de televisão, mas também numa época condicionada pela televisão— e é uma época de intranqüilidade, de descontentamento, de frustração, dirigida a nenhuma parte ou a muitas partes à mesma vez —, como é lógico num entorno onde [a televisão] é onipresente."

"As sinistras camarilhas e os manhosos do cabido de Bilderberg, as esferas clandestinas de influência e manipulação consciente e inteligente dos hábitos organizados é a expressão mais recente de uma campanha de manipulação mais profunda para instituir um governo mundial sem limites, que não responda perante ninguém mais do que perante si próprio."

"…os principais sucessos vendidos a vontade a uma população desmoralizada, a favor do fundamentalismo fanático de um grupo de homens que não responde perante ninguém e que procura o poder absoluto ao preço da dignidade do homem moderno, caluniado, humilhado e desprezado pelos poderes combinados do aparelho de manipulação e a lavagem de cérebro do Bilderberg-CFR-Tavistock com sua equipe de cientistas, psicólogos, sociólogos e cientistas da nova ciência (New Age, misticismo, etcétera), antropólogos e fascistas decididos a recriarem um novo Império romano.

"Primeiro começaram Edward Berneys e Walter Lippmann. Depois, Gallup e Yankelovich. Mais tarde, Rees e Adorno, Aldous Huxley e H. G. Wells, Emery e Trist, seguidos pela cultura das drogas e a Conspiração de Aquário, um suposto ideal ‘humanista’ a favor da velha cultura, salpicado com uma pitada de liberdade humana em vez do que realmente é: uma maneira inteligente de degradar as pessoas até as converter em simples animais de fazenda, negando-lhes a originalidade da consciência humana, que é compreendida ao instante em toda parte, sem necessidade de tradução."

"A Nova Idade será uma nova Idade Escura. Significará a morte prematura de pouco mais de metade da população e o esquecimento intencionado dos maiores resultados da humanidade. Ésta é a ideologia totalitária, propugnada pela Nova Ordem Mundial, decidida a governar o mundo embora seja por cima de nossos cadáveres. […] Por que vale a pena defender nossa civilização? ¿Por que um regime baseado na liberdade é melhor do que as tiranias que hoje oprimem parte do planeta? Para alguns, as respostas a estas perguntas são evidentes, mas para muitos não."

CAPÍTULO 3
"CÓMO E POR QUE O BILDERBERG ORGANIZOU A GUERRA NO KOSOVO"

"Agora, era a vez dos Bálcãs. O ‘plano mestre’ foi elaborado em 1996, na reunião realizada pelos membros do Clube Bilderberg en King City, um pequeno enclave de luxo, localizado a 20 quilômetros da cidade canadense de Toronto. […] as guerras dos membros do Bilderberg no Kosovo e nos Bálcãs tiveram um motivo concreto: drogas, petróleo, riqueza mineral e o avanço da causa do ‘governo global’."

"Os Estados Unidos e a Alemanha iniciaram o apoio às forças secessionistas na Iugoslávia, após a queda do comunismo na antiga União Soviética, quando a Federação Iugoslava rejeitou sua incorporação à órbita ocidental. John Pilger, um laureado jornalista australiano, que se dedica a investigar os conflitos bélicos, escreveu em The New Statesman: ‘Milosevic era um burro; também era um banqueiro que uma vez foi considerado um aliado de Ocidente pronto para pôr em prática 'reformas econômicas', em conformidade com as exigências do FMI, do Banco Mundial e da União Européia; para desgraça dele negou-se a ceder a soberania. O Império não esperava menos.’ Segundo o artigo de Neil Clark, um jornalista especializado em assuntos do Oriente Médio e dos Bálcãs, ‘naquele momento, mais de 700.000 empresas iugoslavas permaneciam sob propriedade social e a maioria ainda era controlada por comitês mistos de diretivos e trabalhadores, com apenas 5% de capital nas mãos privadas’."

"Sara Flounders, uma ativista e jornalista afim ao Partido Mundial dos Trabalhadores, movimento pacifista internacional, escreveu num artigo: ‘…as condições de crédito do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial precisam da desintegração de todas as indústrias públicas. Esse é o caso do petróleo e do gás natural no Cáucaso e no mar Cáspio, bem como das jazidas de diamantes da Sibéria. Aquele que possua ou tenha um interesse dominante [...] será quem queira que ganhe a luta armada que se está travando em Kosovo. A dominação da OTAN sobre o terreno porá as empresas estadunidenses na melhor posição no que respeita à posse desses recursos’."

"No início, os membros do Bilderberg, pretendiam ‘inflamar’ os sérvios perseguindo os criminosos de guerra que eles albergavam, levando-os a julgamento perante um novo Tribunal Internacional. Os sérvios, orgulhosos e experientes, driblaram esta provocação dissuadindo os suspeitos de nível mais baixo na ordem hierárquica a que se entregassem voluntariamente. Contudo, isso não era suficiente. Para enfurecer os sérvios, o Tribunal de Haia, controlado pelos Estados Unidos, lançou mão dos seqüestros ilegais para instar à guerra."

"Isto também explicaria por que Richard Holbrooke, embaixador estadunidense perante as Nações Unidas, entre 1999 e 2001, membro do Bilderberg e do CFR e seis vezes candidato ao Prêmio Nobel da Paz, inseriu uma cláusula sobre Kosovo no acordo final. ¿Que tem a ver Kosovo com a Bósnia? Nada. Mas a idéia de Holbrooke era converter Bósnia num teste da futura expansão do Bilderberg nos Bálcãs."

"NA PROCURA DE UMA ESCUSA: WILLIAM WALKER ENTRA NO PALCO"

"…segundo explica John Laughland em seu artigo ‘A técnica de um golpe de Estado’, era William Walker, membro do CFR e ‘ex-embaixador em El Salvador, cujo governo, apoiado pelos Estados Unidos, estabeleceu esquadrões da morte’. Em 1985, Walker era ajudante do subsecretário de Estado para a América Central e um operador chave nas tentativas da Casa Branca de Reagan para derrocar o governo nicaraguense. O tenente-coronel Oliver North, colocado na lista do pessoal do Conselho Nacional de Segurança, no início de 1981 e demitido em 25 de novembro de 1986, era o funcionário da Administração Reagan com maior envolvimento na ajuda secreta aos ‘contras’, graças aos benefícios da venda de armas ao Irã."

"Segundo o dossiê judicial, Walker foi responsável pelo estabelecimento de uma falsa operação humanitária, na base aérea de Ilopango, em El Salvador, que era usada em secreto para fornecer de armas, cocaína, munições e suprimentos aos mercenários ‘contras’ que atacavam Nicarágua."

"Walker, que tinha entregado armas aos ‘contras’ na Nicarágua e agora se tinha transformado em observador de paz, declarou a todas vozes perante a imprensa mundial, que a polícia da Sérvia era a culpada ‘pela mais hedionda’ chacina que ele tinha visto. Os sérvios, que nessa altura tinham evitado habilmente as provocações da OTAN e do Bilderberg, caíram. O suposto ‘massacre’ provocou um pretexto para a intervenção. Em 30 de janeiro, o Conselho da OTAN autorizou o bombardeamento. E o Bilderberg ordenou a seu secretário-geral, Javier Solana, que ‘usasse a força armada para obrigar os delegados sérvios e de etnia albanesa nas negociações de 'paz' na França a falarem de um contexto para a 'autonomia' de Kosovo’."

"Um artigo do dia 4 de agosto do The Washington Post citava ‘um alto funcionário do Departamento de Defesa estadunidense que indicou que apenas uma coisa poderia provocar uma mudança de política: 'Acho que atingindo certos níveis de atrocidade intoleráveis, provavelmente isso seria um detonante'’."

"Como referência histórica útil, lembremos que os sérvios foram vítimas do pior ato de limpeza étnica, como os 200.000 ou mais sérvios que foram eliminados da região de Krajina, na Croácia, durante a ‘Operação Tormenta’ apoiada pelos Estados Unidos, em 1995, ou os 100.000 ou mais sérvios eliminados de Kosovo pelo ELK, ao finalizar o bombardeio da OTAN. Não faz falta dizer que o Tribunal de Haia, o mecanismo de justiça da Nova Ordem Mundial, não fez nada para levar os autores dessa atrocidade perante a justiça."

"‘Deviam saber, porque de outro modo, o que instigaria a Coroa a manter um exército nessa região onde não havia nada de valor exceto um lucrativo comércio de ópio? Custava muito caro manter homens armados num país tão longínquo. Sua majestade deveu perguntar por que essas unidades militares estavam ali’, pergunta o doutor John Coleman em "Conspirator’s Hierarchy: The Story of the Committee of 300."

Sob o epígrafe:

"HISTÓRIA DO ENVOLVIMENTO DOS ESTADOS UNIDOS NO TRÁFICO DE NARCÓTICOS"

"Contrário ao que os livros de história nos contaram durante anos, o nefasto narcotráfico não é território exclusivo do estamento criminoso, a não ser que por estamento criminoso entendamos algumas das famílias mais importantes da história dos Estados Unidos, conhecidas como o establishment liberal do Leste, cujos membros dirigem esse país desde a oligarquia, através de um sistema de governo paralelo, conhecido como Clube Bilderberg..."

"KOSOVO E A HEROÍNA"

"Dois jornalistas, Roger Boger e Eske Wright, num artigo publicado em 24 de março de 1999, no jornal The Times, de Londres, afirmam que ‘Albânia — que joga um papel fundamental na transferência de dinheiro aos kosovares — está no epicentro do tráfico de drogas da Europa..."

"Albânia tornou-se a capital do crime da Europa. Os grupos mais poderosos do país são criminosos organizados que usam Albânia para cultivar, processar e armazenar uma grande percentagem da droga ilegal destinada à Europa Ocidental..."

Continua...



Fidel Castro Ruz

7 de Agosto 2010

18h20