Local: Auditório do Centro de Educação da UFPE
Data: 28 de maio de 2009, às 10h.
Breve história do Pe. Henrique

daqueles que julgam estar salvando a civilização cristã
com a eliminação de sacerdotes e líderes estudantis.
Dom Helder Câmara
Maria do Carmo Andrade
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Sociólogo e professor, desenvolveu atividades junto ao então Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara. Ensinou no Juvenato Dom Vital, na Cúria Metropolitana do Recife, nos colégios Marista, Nóbrega e Vera Cruz, na Escola Técnica do Derby e na Faculdade de Ciências Sociais.
Ordenou-se em 1965, na Igreja da Torre, e dedicou-se ao trabalho de orientação a jovens, na Arquidiocese de Olinda e Recife. Padre Henrique além de prestar assistência à juventude, manteve contato com estudantes cassados e era claramente contrário aos métodos de repressão utilizados pela ditadura militar. Em várias ocasiões, recebeu ameaças de morte, através de ligações telefônicas procedentes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Mesmo com as ameaças, Padre Henrique não se deixou intimidar e continuou desenvolvendo suas atividades, vindo por isso a pagar com a própria vida.
Na noite do dia 26 de maio de 1969, então com 28 anos de idade, Padre Henrique foi seqüestrado depois de participar de uma reunião com um grupo de jovens católicos, no bairro de Parnamirim. No dia seguinte, foi encontrado morto com marcas de tortura em um matagal na Cidade Universitária.
O assassinato do Padre Henrique causou uma comoção geral. Milhares de pessoas, exibindo faixas e cartazes, acompanharam o enterro que se transformou em manifestação pública contra a ditadura militar e seus órgãos de repressão diretamente responsabilizados pelo crime. As investigações nunca chegaram a uma conclusão definitiva por causa do envolvimento dos assassinos com o regime dominante. O processo controverso e volumoso foi arquivado e reaberto inúmeras vezes, sem que nada ficasse esclarecido até a prescrição do crime.
Segundo Dona Isaíras Pereira da Silva, mãe do Padre Henrique, em declaração feita ao Jornal do Commercio, Recife, em 24 de julho de 1981, depois do assassinato do seu filho, começaram as perseguições a sua família. Seu filho Adolfo, que havia sido aprovado em concurso da Polícia Militar, foi preso sob a acusação de roubo de imagem sacra; Henrique, (outro filho) seminarista, também acusado de subversivo foi morar no exterior; o quarto filho viveu com nome falso para se livrar da prisão. O pai do Padre Henrique não agüentou as pressões e, emocionalmente abalado, morreu em decorrência de problemas cardíacos.
No Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS) de Pernambuco não há nenhum registro sobre o Padre Henrique, antes da sua morte. Os arquivos começam com o laudo técnico do Instituto de Polícia Técnica do Estado sobre o seu assassinato.
Recife, 31 de julho de 2008.
FONTES CONSULTADAS:
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos.Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e desaparecidos Políticos. Brasília, 2007. Disponível em: . Acesso em: 31 jul. 2008.
CIRANO, Marcos. O assassinato do Padre Henrique. Continente Documento, Recife, ano 3, n. 25, p. 14-15, set. 2004.
FRANCA, Roberto. O seqüestro e morte do Padre Henrique. In: ______Contra a violência. Brasília: Câmara dos Deputados, 1992. p. 23-24.
FÓRUM DE ENTIDADES NACIONAIS D DIREITOS HUMANOS. Disponível em
PADRE Henrique. Disponível em:
PADRE Henrique. Disponível em:
Texto extraído do blog: http://historiavermelha.blogspot.com/2009/05/padre-henrique-presente.html