terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Comentários sobre o Filme "AO SUL DA FRONTEIRA"

COMENTÁRIOS SOBRE O FilME "AO SUL DA FRONTEIRA"

o filme produzido pelo cineasta americano Oliver Stone, escrito em parceria com o historiador britânico-paquistanês Tariq Ali, traça um perfil das transformações políticas ocorridas na América do Sul a partir dos últimos anos do século passado e inicio do atual. Protagonistas de muitas cenas do filme, os autores não escondem que o documentário tem um viés político de simpatia pelos novos governantes. As entrevistas com Chávez, Evo, Nestor e Cristina Kirchner, lula, lugo, Caldera e Raul Castro, e por fim Obama I mostram uma tendência à esquerda dos novos líderes. Dar voz a estes personagens agrada o público progressista. Afinal, índios, mestiços, operários, mulheres e curas estão regendo o destino de seus países em busca de uma identidade que, a ser autêntica, forçosamente terá que se contrapor a da estrutura de poder dominante há séculos no continente. No entanto, com base na experiência brasileira, a mensagem otimista passada por Stone merece algumas ressalvas.

A hierarquia dos poderes e o papel da mídia

Sem esconder as dificuldades, o filme registra as características democráticas do sistema capitalista mesmo após a queda do muro de Ber/im. É possível a chegada ao poder de grupos organizados que se opõem ao poder mundial representado no local por suas elites tradicionais e corruptas. Este poder mundial é desvelado pelos discursos de Obama e pelas cenas onde aparecem os edifícios mais simbólicos das instituições estadunidenses e agências internacionais a serviço de Tio Sam.

o diretor ressalta que todos os governantes citados foram eleitos contrariando os interesses das mídias locais. Ou seja, o filme lança dúvidas sobre a força ideológica, política e social da imprensa em sua totalidade alinhada aos interesses centrais do sistema. Teria a mídia, um dos principais ramos da indústria cultural, falhado em seu papel de condutor das percepções de mundo e do comportamento, inclusive político das massas? Ou se trata de uma nova estratégia de dominação?

Exceto pela vitória cubana em 19S9, a história da América latina é de lutas intermitentes e de fracassos, tortura e humilhações constantes. Assim, o nosso ego de cucarachas, fica embevecido com as respostas dos atuais governantes sul-americanos às perguntas provocativas de Stone, principalmente sobre o FMI e o governo Bush.

Mas será que não existe um abismo entre o discurso oficial e a realidade social? No caso do Brasil, como está a sociedade após 8 anos do governo lula e a eleição de Dilma ? Apesar do inequívoco aumento do poder aquisitivo das massas a alienação se ampliou aumentando a adesão ao sistema capitalista. Por outro lado, as grandes corporações nunca tiveram um rendimento igual ao proporcionado pelo administrador originário da classe operária ...

O filme sobre o que se passa na fronteira sul do império ajuda, assim, no levantamento de novas hipóteses. A colocação no poder político de representantes das maiorias historicamente oprimidas da América - índios, operários, mulheres~ Wfa- não~ seria uma nova estratégica de dominação, haja vista a impossibilidade desse poder político, restrito ao executivo, se contraditar aos interesses das grandes corporações numa NOVA economia que pouco tem de nacional?

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