Ao comandante, pelos 89 anos de luta, uma pequena e justa homenagem. Gracias Fidel!
Uma pequena e imensa vaidade
13 de agosto de 2015 | 22:01 Autor: Fernando Brito
"Fidel é um homem que só será vencido pelo que vence a todos os homens: o tempo. E mesmo contra este ele briga, como se fosse para continuar escrevendo seu nome, feito de fé e fidelidade, para muito além de seu corpo."
Os leitores deste blog sabem que, de pessoal, aqui, só trato de mim nas minhas velhas e chatas histórias, recolhidas ao longo de 56 anos, que podem ter um sentido geral, porque contam situações que, afinal, todo mundo poderia viver.
Mas hoje, abro uma exceção e falo de um privilégio e violo uma das regras que aprendi desde os anos 70, quando o prazer e o dever de escrever tomaram conta de mim: a de que jornalista não é notícia.
Pois eu ,que não ponho aqui nem a tradicional “fotinho” que os blogueiros costumam colocar em suas páginas, coloco a única fotografia que tenho de absoluta, total e completa tietagem, como se vê em minha cara, embora seja a cara de 23 anos passados.
Hoje, dia dos 89 anos de Fidel Castro, não resisti e publico o momento em que eu mal cabia em mim, ao lado do “comandante”.
Porque era tamanha a carga histórica, tamanho o sentido de tempo e de luta que se encarnava naquele homenzarrão, que chegava dominando qualquer ambiente onde se encontrasse, que era impossível não desmanchar.
Então me permito esta pequena – e imensa, descomunal – vaidade de partilhar com vocês aquele momento.
Que se danem as convenções, os argumentos pedantes, a supremacia tirânica da razão fria sobre a emoção ardente.
Com a mesma cara de abobado da foto, estou agora a recordar daquele instante.
Somos seres humanos e fazemos a vida não apenas com o olhar e o pensar, mas com sentimentos.
E os melhores sentimentos, como os melhores seres humanos, são os duradouros.
A gente esquece nossa pequenez quando está do lado de alguém, que nos dias em que eu nascia, liderava um grupo de garotos recém-barbados – e barbudos, o que era uma quase heresia, então – que iria transformar uma pequena e miserável ilha no centro de mais de meio século de polêmica, curiosidade, admiração e ódio do mundo inteiro.
E que ainda hoje, como disse Cartola, quando me já aproximo do inverno do tempo da vida, ainda está aí e me permite pensar o quanto pode ser eterno esse amor à liberdade à justiça social, mesmo quando mal se pode em pé, abalado pelo único adversário que o pode vencer.
Um inimigo que faz o que não fizeram Fulgêncio Batista, o cárcere, a selva, a CIA, os EUA, nem o embargo econômico, nem os intelectuais que não sabem como é duro erguer uma terra miserável, dependente de açúcar e tabaco, como antes dele era também do jogo e da prostituição, e transformá-la num país que não é moderno nos celulares, nos automóveis e na internet, mas o é nos hospitais, nas escolas, no esporte, no direito de comer.
Onde não há crianças com fome, o que ofende ao Deus de qualquer religião e até ao Deus dos ateus.
Fidel é um homem que só será vencido pelo que vence a todos os homens: o tempo. E mesmo contra este ele briga, como se fosse para continuar escrevendo seu nome, feito de fé e fidelidade, para muito além de seu corpo.
Pois é do tempo que me veio este privilégio, o de ter estado, um dia, uns minutos, uma imagem apenas que seja, ao lado de um imenso pedaço da história de meu tempo.
Do tempo de muitos povos, do tempo de um século, do tempo que, ele próprio, toma a mão do velho líder e lhe diz, como eu lhe digo:
Gracias, Fidel.
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